28/08/2021 - 18:10
Médicos que atuam na linha de frente têm ainda na memória os casos de pacientes que refutaram a vacina, tiveram a doença e depois se mostraram arrependidos. Dois casos marcaram o infectologista Alexandre Naime, do Hospital das Clínicas de Botucatu, interior de São Paulo. O primeiro é de um senhor de 73 anos, contaminado por desinformação. “Ele tinha sobrepeso, consumia álcool, mas se deixava levar pelas fake news. Mantinha uma página muito movimentada no Facebook onde compartilhava postagens se referindo à Coronavac como aquela vacina chinesa”, diz.
Esse idoso frequentava botecos e canchas de bocha, acabou pegando a covid e a mulher também se infectou. “Ela era dez anos mais jovem que ele, usava máscara direitinho e queria ser vacinada. E não tinha comorbidades. No entanto, o caso dela complicou, internamos no HC (Hospital das Clínicas de Botucatu), fizemos o possível, mas ela foi a óbito.” Naime conta que, nos 20 dias em que ela ficou internada, o marido manifestou profundo arrependimento. “Na hora do desespero abriu o coração. Se sentia culpado, entrou em episódio depressivo agudo, perdeu dez quilos, está com psiquiatra. Depois que ela foi a óbito, pediu para ser vacinado. Deu para sentir, nesse caso, o quanto as fake news foram danosas”, diz.
No outro caso, uma senhora de 56 anos – obesa, diabética e hipertensa – não tomou o imunizante quando teve oportunidade. “Não era só medo dos eventos adversos, mas também por influência das fake news. Dizia que preferia pegar covid do que tomar vacina.” O médico conta que, um mês após a alta, a paciente usou a rede social para dizer que a vacina valia a pena. “Ela disse que precisou ver a cara da morte para entender.”
Mas para Naime, diferentemente dos Estados Unidos e departes da Europa, a resistência à vacina é mais pontual. “Acredito que é porque o programa nacional de imunização está no ‘DNA’ do brasileiro. A crença na eficácia da vacina na memória dos brasileiros.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.