A menos manejável das pragas que afeta o empresário do agronegócio não é biológica nem climática. É econômica: a incerteza sobre os preços de venda da produção. A severidade dessa praga aumenta com a globalização do mercado, pois os preços das commodities mais importantes – café, soja, milho e boi gordo, entre outras – são esta solução que ajuda a reduzir essa incerteza são os mecanismos de proteção do mercado financeiro: instrumentos conhecidos como derivativos, contratos futuros e opções de compra e de venda servem para reduzir o risco de o produtor ter de vender a safra na baixa.

Aplicar esses instrumentos esbarra em duas dificuldades. Uma delas é a falta de conhecimento por parte dos produtores. A outra é o custo dessa proteção. “O empresário rural ainda não está familiarizado com esses produtos financeiros”, diz Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Para atenuar o problema, o governo do Estado de São Paulo vai subsidiar metade da proteção para as culturas de milho, soja e café e para a criação de boi gordo. “O Brasil só tem seguro para garantir o empréstimo”, disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no lançamento do programa.

O Estado vai destinar R$ 6 milhões do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), órgão da Secretaria da Agricultura responsável por crédito e seguro ao produtor com renda bruta anual de até R$ 400 mil. O subsídio será concedido em parceria com o Banco do Brasil, e vai contar com as opções agropecuárias negociadas na BM&FBovespa. O valor máximo para essa subvenção será de R$ 24 mil.

O mecanismo, que deverá ser colocado em prática no fim de março, funciona como uma operação financeira convencional envolvendo o uso de derivativos, neste caso, apenas opções de venda. Parece complicado, mas é simples. Uma opção funciona como um seguro: o comprador paga uma fração do valor total coberto e, em determinadas condições pode optar ou não (daí o nome opção) por comprar ou vender um bem por um preço determinado, independentemente das cotações naquele momento. No caso da parceria, o agricultor vai pagar para comprar o direito de vender sua produção a um preço no futuro. “Se, na hora da colheita, os preços caírem subitamente, o agricultor garante um valor mínimo”, disse Alckmin.

 

 

 

Lavoura protegida:

o Feap deve impulsionar os negócios de contratos futuros agropecuários

 

O uso desses instrumentos tem se disseminado no mercado financeiro internacional, mas eles ainda são pouco usados por aqui. Em janeiro, por exemplo, foram negociadas apenas 33 opções de café arábica na BM&F. “A maioria dos produtores imagina que o mercado futuro é uma especulação”, diz Ramalho da Silva.

Para o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, a parceria vai facilitar ao produtor a proteção de sua renda. A parceria é mais uma iniciativa da BM&FBovespa para impulsionar o crescimento dos negócios com contratos futuros. Segundo ele, os negócios com opções de produtos agropecuários registraram recorde na Bovespa em 2010, com 393.969 contratos negociados, quatro vezes mais que os 102.466 contratos de 2009. No entanto, no primeiro mês do ano, o volume de transações encolheu para 16,5 mil, ante 21,4 mil em dezembro de 2010. “Essa parceria fará com que o produtor tenha mais uma oportunidade de aproveitar o cenário positivo para o agronegócio”, diz.