Em uma perspectiva otimista, o setor de ovos pretende saltar nove pontos percentuais no nível de vendas para o exterior, entre três e cinco anos, com o auxílio da abertura de mercado na União Europeia, prevista para 2015. Para tanto, falta a expansão nos testes de padronização e sanidade da Europa, que devem se intensificar nos próximos meses.  A declaração foi dada pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e presidente do conselho do Instituto Ovos Brasil (IOB), Ricardo Santin, durante o lançamento da Semana do Ovo. Atualmente, o Brasil exporta apenas 1% de sua produção de ovos, que deve ficar em 27,8 bilhões de unidades neste ano, segundo estimativas da associação. Dentro do percentual exportado, 82% são do produto in natura.

Nos nove primeiros meses deste ano, houve uma redução de 25% nas exportações de ovos, em volume, e de 40% em receita, por uma restrição imposta por Angola. “Não vendíamos mais para fora até então porque o mercado interno supria toda a oferta. Agora, por uma pressão de baixa sazonal e estratégia mercadológica, queremos abrir outros mercados no exterior. Ainda não exportamos nada do setor para a União Europeia e devemos conseguir acessar estes compradores a partir do ano que vem”, explica Santin. 

O vice-presidente da ABPA acredita que a estimativa de expansão não está tão difícil de se consolidar no prazo estipulado, até pela mudança de comportamento do consumidor que já não enxerga o ovo como algo prejudicial à saúde. Além do foco na Europa, a expectativa é se consolidar no Oriente Médio e Cingapura. “Foi comprovado pelo USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] que o ovo não aumenta o colesterol. O alimento brasileiro já é visto lá fora com excelência, o que facilita a expansão”, diz Santin. O presidente da ABPA, Francisco Turra, completa classificando o País como um “símbolo de sanidade” e cita como exemplo a expressiva alta das carnes.

Para o executivo da IOB, a alta nos preços da cadeia de carnes pode levar o consumidor a optar pelo ovo como uma proteína de substituição, por ser a mais acessível dos mercados interno e externo. Com base nestes argumentos, a associação prevê um aumento de 9% no consumo doméstico entre os anos de 2013 e 2014, após ter crescido 30% desde 2007 com o avanço na renda do brasileiro. O consumo deve passar de 168,7 unidades per capita em 2013 para 185 em 2014. Em volume, foram 10,1 quilos per capita, contra a projeção de 11,1.

O setor também está trabalhando para uma possível demanda extra ocasionada pelas Olimpíadas de 2016. “Vamos ter que aumentar a produção tanto para os atletas que virão quanto para os nossos atletas que comem ovos para se prepararem para os Jogos Olímpicos”, comenta Santin.

Entre os meses de janeiro e setembro deste ano a produção brasileira de ovos superou 27 bilhões de unidades. A maior concentração de produtores está no Estado de São Paulo, que detém cerca de 30% do mercado nacional. Em seguida destacam-se o Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Grande parte do setor é composta por pequenos produtores, fato que, segundo Santin, promove a distribuição de renda no meio rural.