01/12/2011 - 0:00
Um programa de milhagens que premia compras com serviços para o agronegócio é a nova arma da Bayer CropScience para ganhar participação de mercado nas compras de defensivos pelos grandes produtores rurais no Brasil. Cerca de 30% dos US$ 8 bilhões em defensivos vendidos anualmente no País são destinados a esse grupo, atendido diretamente pelas fabricantes. Os produtores que estiverem no programa Bayer Agro Services poderão juntar pontos para trocar por serviços de consultoria, por exemplo, para gestão de negócios, processos de produção, logística, tecnologia da informação e até mesmo sucessão familiar. Outra iniciativa é fazer reuniões com eles em eventos de discussão das tendências do agronegócio, como o que lançou o programa no final de outubro. Num hotel em Santiago, a capital chilena, a multinacional alemã reuniu produtores como Otaviano Pivetta (da Vanguarda, antiga Brasil Ecodiesel) e Blairo Maggi (do grupo André Maggi), que estão entre os maiores sojicultores do mundo, para dois dias de seminário. No total, são 23 tipos de serviço que serão implantados até 2013. O projeto foi testado por mais de um ano com clientes da multinacional e deve atingir cerca de 300 grandes produtores no País.
“Queremos crescer 10% ao ano no mercado brasileiro”
Gehrard Bohne, diretor da Bayer CropScience no Brasil
O diretor das operações brasileiras da Bayer CropScience, Gehrard Bohne, afirma que o programa é uma tentativa de fidelizar os clientes, ajudando diretamente na gestão. “Queremos contribuir para que o negócio do produtor seja bem-sucedido”, afirma. A iniciativa demonstra a importância do mercado brasileiro de defensivos para a Bayer, que perdeu a liderança para a Syngenta no País há alguns anos. “O mercado brasileiro é o maior do mundo e esperamos crescimento, em média, de 10% ao ano”, diz Bohne. A expectativa de que o País aumente sua participação nas exportações mundiais de alimentos nos próximos anos – hoje já responde por 16% do total mundial – coloca os investimentos locais como prioridade para a multinacional alemã. A empresa tem aumentado o foco em produtos voltados ao mercado brasileiro. Um dos exemplos é um defensivo contra a ferrugem da soja (Fox), que foi testado antes do lançamento em diversas regiões da cultura no País.
Também têm crescido os investimentos locais em biotecnologia e sementes. No mundo, a empresa quer elevar para 50% a participação desses produtos nos programas de pesquisa e desenvolvimento. Hoje, os defensivos respondem por 75% do faturamento de € 8,5 bilhões anuais e a expectativa é que os outros ramos elevem suas participações nos próximos anos.
Nesse sentido, uma das iniciativas da Bayer foi fechar um acordo, no ano passado, com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de São Paulo, para pesquisas de variedades biotecnológicas da cana-de-açúcar, depois de anos de insistência da subsidiária. “Demorei muito tempo para provar à matriz que o investimento na cana valia a pena”, afirma Bohne. Na área de sementes, só neste ano a Bayer CropScience fez duas aquisições: a produtora Soy Tech Seeds, de Goiânia, em junho, e um projeto da empresa brasileira Fazenda Ana Paula, que desenvolveu variedades de arroz geneticamente modificado, em setembro. Para Bohne, há 25 anos na Bayer, o Brasil é hoje um dos principais focos mundiais do desenvolvimento de produtos. “Antigamente, a prioridade era a Europa, seguida dos Estados Unidos”, afirma. “Hoje, o Brasil já aparece no topo.”