Para que a cadeia de lácteos seja tão competitiva no mercado internacional quanto diversos outros produtos agropecuários brasileiros, o Ministério da Agricultura anunciou ontem (29) o aporte de R$ 387 milhões para o programa Leite Saudável.

Os dois principais alvos do setor são a China, que importa cerca de 14% da produção mundial leiteira, o equivalente a US$ 6,4 bilhões, e a Rússia, cujas compras anuais chegam a US$ 3,4 bilhões. A meta é triplicar as exportações do segmento.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, no acumulado de 12 meses até agosto, foram embarcadas 73 mil toneladas de lácteos, com faturamento de US$ 306 milhões, alta de 13,9% na variação anual.

“O conjunto de ações busca aumentar a renda dos produtores e a melhorar a produtividade e a qualidade do leite, além de ampliar os mercados interno e externo. Farão parte os cinco principais estados produtores: Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, informou o ministério por meio de nota. Juntos, os estados contemplados representam 72,6% da produção nacional do setor.

Até 2019, o programa deve beneficiar 80 mil pequenos produtores, passando-os das classes D e E para a classe C. “Em um prazo de dois anos teremos uma diferença significativa na vida desses produtores e na qualidade do leite brasileiro”, disse a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

Segundo o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, pelo menos 70% do total de pecuaristas deste segmento encontra-se nas duas classes mais precárias da cadeia. “De acordo com um levantamento da Embrapa Gado de Leite, atualmente, o País conta com cerca de 950 mil pecuaristas com produção comercial acima de 10 mil litros por dia”, enfatiza.

Em relação à estrutura, o projeto terá sete eixos principais de atuação: assistência técnica gerencial, melhoramento genético, política agrícola, sanidade animal, qualidade, marco regulatório e ampliação de mercados.

Oferta e demanda

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, a produção nacional do setor gira em torno de 34,5 milhões de litros. No entanto, cerca de 600 mil litros ainda são importados e apenas 300 mil litros vão para o mercado internacional. Neste ano, a abertura da Rússia para compras de leite em pó brasileiro deu início a esta fase de novos horizontes para a cadeia.

Em vista de um cenário de déficit na balança comercial de lácteos, “nós precisamos primeiro produzir, melhorar nossas condições de qualidade, para depois buscar as exportações”, disse Rubez.

O executivo conta que, por força de acordos comerciais, 90% do leite exportado vai para a Venezuela, país que não está entre os compradores mais atraentes.

Para Alvim, da CNA, independente do potencial dos mercados buscados pelo País, o ponto mais importante do novo programa é a proposta inicial de fomentar o nível de produção, com base em critérios de sanidade e melhoria de qualidade, por exemplo.

O Leite Saudável é uma parceria entre o Ministério e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com o apoio de entidades como a Embrapa, CNA e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), etc. Fonte: DCI.