A ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), reagiu nesta quinta-feira, 13, a acusações de parcialidade e motivação política na decisão que afastou o governador de Alagoas e candidato à reeleição Paulo Dantas (MDB).

Ela repudiou as acusações, que chamou de “levianas” e atribuiu a “pessoas inescrupulosas” com a “clara intenção” de colocar sua decisão em “descrédito”.

“A desinformação é a principal arma daqueles que se valem de discursos vazios de conteúdo, sem nenhum compromisso com a verdade, para levantar dúvidas, realizar ataques baseados em mentiras deslavadas, usando a mídia para propagar sua própria versão dos fatos e manipular a opinião pública, comportamento sórdido e inaceitável”, reagiu a ministra.

“Plantam veneno para colher os frutos estragados pela baixeza de seus argumentos falaciosos e mal-intencionados. A Polícia Federal fez um trabalho investigatório de altíssimo nível”, acrescentou.

Laurita disse ainda que a repercussão política da decisão “não pareceu motivo suficiente” para que ela deixasse de “cumprir o dever” como magistrada.

“Se eu tivesse me curvado a essa expectativa de retardo, se tivesse como se diz por aí ‘sentado em cima dos autos’ em razão das eleições, aí sim estaria agindo com viés político, porque estaria esperando um fato estranho aos autos de um inquérito em regular andamento para adotar medidas cautelares necessárias e urgentes para a conclusão das investigações e, mais ainda, para estancar a sangria desatada do dinheiro dos cofres públicos de Alagoas”, rebateu a ministra.

A Corte Especial do STJ decide hoje se confirma ou não a decisão. O governador é investigado sob suspeita de operar um esquema de desvio de salários de funcionários parlamentares, a chamada “rachadinha”, quando era deputado estadual.

Dantas nega irregularidades e diz que o inquérito tem motivação política para atingir sua candidatura. Ele foi o mais votado no primeiro turno e segue líder nas pesquisas de intenção de voto.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu padrinho político, disse que Alagoas é “vítima do uso político da PF e do abuso de autoridades”. O cacique emedebista falou em “perseguição”, defendeu a troca do superintendente da Polícia Federal no Estado e prometeu entrar com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a ministra.

Quando o afastamento veio a público, na semana passada, a ministra foi procurada pelo Estadão, mas não quis comentar as críticas. No início da sessão de hoje, ela fez questão de se defender das acusações.

Laurita atribuiu os ataques ao “momento político delicado, com uma polarização fomentada por grupos com ideias excludentes que não aceitam pensamentos dissidentes”.

“Isso não é bom para a democracia e nem para instituições que sustentam o Estado democrático de Direito, conquistado com luta e suor do nosso povo”, disparou. “As divergências políticas são inerentes à democracia, mas o debate deve ser conduzido com civilidade e respeito.”