O dólar recuou ante rivais nesta sexta-feira, 10, apagando parte dos ganhos registrados nessa semana. Investidores ponderam sobre a pressão no setor bancário, após a quebra do Silicon Valley Bank, e o avanço do desemprego apontado pelo relatório payroll, ambos eventos que podem levar o Federal Reserve (Fed) a considerar um ciclo de aperto menos agressivo.

O índice DXY, que mede a divisa dos EUA ante seis rivais fortes, fechou a sessão em queda de 0,70%, a 104,576 pontos, com alta de 0,05% na semana. No final da tarde em Nova York, o euro avançava a US$ 1,0641 e a libra tinha alta a US$ 1,2023.

O DXY encerrou a semana devolvendo a maior parte dos ganhos, após iniciar o período com fortes altas e, inclusive, registrar nível máximo dos últimos dois meses na terça-feira. Os ganhos haviam sido sustentados pela perspectiva de que o Fed poderia acelerar o ritmo de novas altas e manter o nível restritivo por tempo prolongado, caso a medida se tornasse necessária para controlar a inflação nos EUA. O aperto das condições monetárias poderia levar o país a uma recessão, beneficiando negociações de ativos de segurança como o dólar.

No entanto, o movimento de alta registrado nessa semana começou a se desfazer ontem e ampliou perdas hoje sob a expectativa de arrefecimento no mercado de trabalho. Nesta sessão, o payroll dos Estados Unidos demonstrou uma desaceleração no salário médio por hora e avanço na taxa de desemprego. Segundo a Oanda, investidores notaram o dado como confirmação de que o aperto monetário do Fed estaria “quase concluído”, sugerindo que o banco central pode manter o ritmo de alta em 25 pontos-base na próxima reunião monetária.

Em relatório, o ING observou que as negociações também foram impactadas pela crise do Silicon Valley Bank, o primeiro banco americano a quebrar desde a crise financeira de 2008. A situação pressionou o sistema bancário dos Estados Unidos e levou a questionamentos sobre se o Fed poderia manter um ciclo de aperto agressivo, considerando os efeitos que a política poderia ter sobre os bancos. O ING avalia que isso gera uma tendência de queda para o dólar.

Já a Oxford Economics projeta que a moeda americana deve voltar a receber suporte e operar estável nos próximos meses, com apoio das elevadas incertezas na macroeconomia, volatilidade dos mercados de ações e deterioração da liquidez. “Nossa visão é que uma recessão leve nos EUA no segundo semestre deve manter o dólar, considerando que o Fed não deve cortar juros até 2024. A perspectiva de inflação alta por mais tempo aumenta a tendência positiva para um dólar amplamente estável”, avalia a Oxford.

Também no radar, o Banco do Japão (BoJ) manteve sua política monetária inalterada, como previsto por economistas, prejudicando negociações do iene no início da sessão. Contudo, a fraqueza do dólar no exterior ofereceu algum suporte a moeda japonesa. No final da tarde em Nova York, o dólar recuava a 134,83 ienes.