O dólar avançou ante rivais, à medida que investidores digeriam novos dados dos Estados Unidos – demonstrando queda na confiança do consumidor e núcleo da inflação persistente, mas um pouco abaixo do previsto – e falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) defendendo a necessidade de atingir a estabilidade de preços.

Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar avançava a 132,72 ienes, o euro caía a US$ 1,0864 e a libra recuava a US$ 1,2346. Já o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, avançou 0,35%, aos 102,506 pontos, com perda de 0,59% na variação semanal.

Nesta sexta, a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos EUA ofereceu suporte ao dólar. Apesar de desacelerar sua alta, os dados demonstraram persistência no núcleo do PCE – que exclui itens voláteis como alimentos e energia. Em entrevista à Bloomberg, a dirigente Susan Collins (Boston) afirmou que a inflação veio de acordo com o esperado, porém, alertou para a necessidade de taxas em nível suficientemente restritivo para alcançar a meta de estabilidade em 2%. No final da tarde, o dirigente John Williams (Nova York) apontou que o setor de serviços continua como a principal fonte de crescimento das pressões inflacionárias.

A Capital Economics observa que, com o arrefecimento das preocupações no setor bancário, o compromisso de dirigentes de bancos centrais com o combate à inflação volta a ser o foco dos mercados. No entanto, a consultoria avalia que a notícia não é necessariamente positiva para o dólar no curto prazo, considerando que autoridades estrangeiras “parecem mais dispostas a seguir com o aperto monetário do que o Fed”.

Pela manhã, a zona do euro publicou sua leitura preliminar da inflação ao consumidor (CPI, em inglês), que também demonstrou núcleo inflacionário persistente. No início da tarde, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ressaltou o compromisso dos dirigentes com a redução dos preços e garantiu que o banco central possui as ferramentas necessárias para alcançar a estabilidade do índice.

Segundo o Commerzbank, o núcleo do CPI europeu deve acelerar, atingindo pico somente depois de julho e, em seguida, desacelerando em rimo lento, o que manterá o BCE pressionado a elevar mais seus juros básicos. Em relatório, o ING avalia que o euro deve se beneficiar de um BCE hawkish e avançar ao nível de US$ 1,10 na próxima semana, enquanto o dólar permanece vulnerável antes da publicação do payroll dos EUA.

No radar, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco Nacional da Suíça (SNB) utilizaram nesta semana as linhas de swap do dólar americano coordenadas pelo Federal Reserve (Fed), com o objetivo de aumentar a liquidez. Entre os dias 27 e 31 de março, o BCE pegou emprestado US$ 487,5 milhões de dólares do BC americano. Já o SNB solicitou US$ 100 milhões na última terça-feira, 28 de março. Por volta do horário citado, o dólar avançou a 0,9143 francos suíços.