O dólar não firmou direção única frente a outras moedas principais, nesta quinta-feira. O quadro de cautela, em meio a novas tensões com bancos médios nos Estados Unidos, apoiou a busca pela segurança do iene, enquanto investidores também continuavam a se ajustar à comunicação de ontem do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Além disso, o euro recuou mesmo após o Banco Central Europeu (BCE) elevar juros nesta manhã e dizer que o ciclo de aperto não está encerrado.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 134,14 ienes, o euro recuava a US$ 1,1019 e a libra tinha alta a US$ 1,2576. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,06%, a 101,399 pontos.

O mercado ainda absorvia o fato de que o Fed elevou os juros em 25 pontos-base ontem, mas sinalizou que pode haver uma pausa no aperto, embora tampouco tenha descartado mais altas nos juros, a depender dos indicadores e do quadro. Mas tensões bancárias estiveram em destaque nesta sessão, com mais bancos regionais dos EUA em foco, após problemas recentes em outros desse segmento. PacWest, Western Alliance e First Horizon viram suas ações muito pressionadas, em meio a informações de que poderiam ser vendidos, passarem por fusão ou outras opções.

Ao comentar a decisão de ontem do Fed, o ING notava que o risco de uma eventual crise bancária dos EUA poderia gerar temores de contágio, apoiando o iene. O banco também citou as negociações para a elevação do teto da dívida nos EUA, que segundo ele podem afetar ativos de risco nos próximos meses.

Na Europa, o BCE elevou os juros em 25 pontos-base. Na avaliação do TD Securities, a resposta fraca do euro mostra desapontamento com a decisão, que para parte do mercado poderia ser de uma alta de 50 pontos-base. O TD também comenta, porém, que o tom do BCE foi lido como hawkish, com o anúncio do fim do programa APP de compra de ativos em julho. A presidente do BCE, Christine Lagarde, ainda enfatizou que o ciclo de aperto não está encerrado, enquanto também ressaltou que o BCE reagirá aos dados.

A Capital Economics afirma que o BCE sugere em sua comunicação hoje que pode continuar a elevar os juros por mais tempo que o Fed. Na avaliação da consultoria, porém, isso não deve fornecer muita margem para ganhos do euro.

Na agenda de indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro subiu a 54,1 em abril, mas ficou abaixo da preliminar de 54,4, com o PMI de serviços em alta a 56,2, mas abaixo da previsão de 56,6 dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da região desacelerou para uma alta de 5,9% em março, na comparação anual, abaixo dos 6,1% esperados. No Reino Unido, o PMI de serviços subiu a 55,9 em abril, acima da expectativa de 54,9 dos economistas.