O dólar não firmou direção única frente a outras moedas fortes nesta sexta-feira, 5, com investidores atentos a indicadores, entre eles o relatório mensal de empregos (payroll) dos Estados Unidos, bem como a declarações de dirigentes de importantes bancos centrais. O dia foi de maior apetite por risco nos mercados internacionais em geral, com recuperação nas ações de alguns bancos sob pressão recente nos EUA.

No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 134,84 ienes, o euro subia a US$ 1,1026 e a libra tinha alta a US$ 1,2641. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,18%, a 101,214 pontos, com recuo semanal de 0,44%.

O dólar caía pela manhã ante outras moedas fortes, mas recebeu um impulso com o payroll. O relatório oficial mostrou que foram criadas 253 mil vagas no mês passado nos EUA, acima da previsão mas com revisão em baixa na geração de postos em fevereiro e março. A taxa de desemprego caiu a 3,4%, enquanto o salário médio por hora cresceu acima do esperado, com alta mensal de 0,48% e de 4,4% na leitura anual.

Logo após o dado, o DXY inverteu o sinal e passou a subir. O fôlego, porém, foi contido e mais adiante o índice voltou a cair. Entre dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), James Bullard disse que em seu cenário-base não prevê recessão, mas um “pouso suave” da economia.

A ferramenta do CME Group chegou a mostrar queda na chance de manutenção dos juros em junho, após o payroll, mas no fim da tarde esta alternativa voltou a avançar e chegava a 96,1%, de 90,8% na quinta-feira, com 3,9% de possibilidade de uma elevação de 25 pontos-base.

Entre dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), continuava a haver sinalização de mais aperto monetário, o que apoia o euro. François Villeroy de Galhau disse que provavelmente haverá novas altas nos juros na zona do euro, e outro dirigente, Gediminas Simkus, argumentou que as taxas ainda não estão “altas o suficiente”, e Madis Müller disse que a alta de juros desta semana não será a última. A presidente do BCE, Christine Lagarde, previu que as margens de lucro enfraqueçam no médio prazo, fator que colaboraria para conter a inflação. Segundo o ING, o BCE desacelerou alta de juros ao recalibrar o peso da inflação.

A Capital Economics analisa a libra e comenta a coincidência que ela atingiu máxima em 12 meses, às vésperas da coroação de Charles como novo monarca do Reino Unido. Segundo a consultoria, as preocupações com o setor bancário são maiores nos EUA que no país europeu, e na política monetária investidores especulam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode já ter feito nesta semana sua alta nos juros no ciclo de aperto, enquanto a Capital diz que no Reino Unido a inflação deve fazer os juros seguirem em nível elevado por mais tempo.