O dólar se valorizou ante os pares nesta sexta-feira, impulsionado pelo avanço nos juros dos Treasuries. Os rendimentos dos títulos da dívida americana, por sua vez, subiram após dados de inflação na China e nos Estados Unidos virem acima do esperado por analistas, o que reforçou temores de descontrole dos preços no mercado. Na comparação semanal, contudo, a moeda americana registrou perdas, pressionada pela perspectiva de manutenção dos estímulos monetários do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

No final da tarde em Nova York, o dólar subia a 109,66 ienes, o euro recuava a US$ 1,1906 e a libra cedia a US$ 1,3717. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana contra seis rivais, teve ganho de 0,12%, a 92,163 pontos, mas caiu 0,92%% na semana.

“Rendimentos mais altos dos Treasuries e dados fracos da Europa convergiram para tirar o dólar de suas baixas”, afirma o analista de mercado sênior Joe Manimbo, da Western Union. Depois de ter acumulado ganho superior a 3% no primeiro trimestre, sobretudo guiado pela inclinação da curva de juros americana, o rali do dólar arrefeceu nesta semana com a estabilização na renda fixa.

Hoje, contudo, a alta mensal de 1% do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA, bem acima das projeções dos analistas, reavivou no mercado os temores de descontrole nos preços. A cautela já havia sido sustentada pelo forte avanço de dados de inflação na China. Com isso, o dólar se recuperou da fraqueza anterior, que analistas do Brown Brothers Harriman (BBH), um banco de investimentos americano, veem como temporária.

A Capital Economics estima que os retornos dos Treasuries aumentarão ainda mais ao longo do ano, o que deve se refletir no mercado cambial. “O Fed deixou claro que não vai reagir contra o aumento dos rendimentos dos títulos do governo de longo prazo, ao contrário de vários outros grandes bancos centrais de mercados desenvolvidos”, dizem analistas da consultoria britânica.

Com o dólar fortalecido, a demanda por euro diminuiu. Mas a moeda única também foi impactada pela queda de 1,6% da produção industrial da Alemanha em fevereiro, na comparação com janeiro. A previsão dos analistas era de um avanço de 1,1%.

A moeda americana também subiu ante divisas de países emergentes e ligados a commodities. No final da tarde em Nova York, o dólar avançava a 77,418 rublos russos, a 14,6258 rands sul-africanos e 20,1887 pesos mexicanos.