08/09/2020 - 18:11
A aversão ao risco desencadeada pela liquidação nas ações do setor de tecnologia em Nova York, que já dura três pregões, além de novas tensões entre Washington e Pequim, levou os investidores a buscar proteção no dólar, o que fez com que a moeda americana se valorizasse ante divisas rivais e emergentes. A fraqueza da libra e do euro, em meio a impasses nas negociações por um acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia, também impulsiona a divisa dos EUA.
No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 106,06 ienes, o euro recuava a US$ 1,1782 e a libra tinha baixa a US$ 1,2995. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis outras moedas fortes, registrou alta de 0,78%, a 93,445 pontos.
Em um pregão com maior liquidez, após o feriado de segunda-feira nos EUA, a busca pela segurança do dólar continuou. “Ações mais fracas estão aumentando a aversão ao risco e, consequentemente, o apetite pelo dólar”, avalia o estrategista de câmbio George Vessey, do Western Union.
O clima de incerteza no mercado foi acentuado, também, por novas tensões entre os EUA e a China. No feriado, o presidente americano, Donald Trump, elevou o tom contra o país asiático e falou em “dissociar” as duas economias.
“Moedas e ações foram vendidas em resposta, já que este aumento nas tensões comerciais prenuncia manchetes mais negativas nas semanas que antecedem as eleições nos EUA”, afirma Kathy Lien, diretora-gerente de estratégias cambiais da BK Asset Management.
Lien destaca que a “pior performance” do dia, no mercado cambial, foi da libra, afetada por renovadas perspectivas de um Brexit sem acordo. A analista destaca, ainda, que os investidores estão à espera da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), nesta semana, o que pressiona a moeda única.
Na visão da Capital Economics, entretanto, a força do dólar pode ser temporária. “Acreditamos que o dólar não deve encenar uma grande recuperação a partir daqui”, afirmam analistas da consultoria britânica, ao citarem a tendência de juros baixos por um longo período nos EUA, já sinalizada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que flexibilizou recentemente sua política de metas de inflação.
Em relação a divisas de países emergentes e ligados a commodities, o dólar também se valorizou. No final da tarde em Nova York, a moeda dos EUA avançava a 76,227 rublos russos, divisa afetada pela queda do petróleo, e a 21,7934 pesos mexicanos.
Na mesma marcação, o dólar subia a 16,9481 rands sul-africanos, após o Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul ter sofrido contração anualizada de 51% no segundo trimestre de 2020.