O ministro Alexandre de Moraes estendeu por mais 60 dias a investigação que mira o deputado André Fernandes (PL-CE) por incitação aos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. O magistrado ressaltou a necessidade de prosseguimento do inquérito e a existência de diligências em andamento.

A apuração foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República, com base em publicações que, segundo o órgão, estimularam as ações de radicais que invadiram e depredaram dependências do Supremo, Planalto e Congresso.

Dois dias antes da ofensiva antidemocrática, André Fernandes divulgou o ato do dia 8: “Neste final de semana acontecerá, na Praça dos Três Poderes, o primeiro ato contra o governo Lula. Estaremos lá”. Ele também compartilhou uma foto da porta do armário de togas do ministro Alexandre de Moraes, arrancada pelos vândalos, com a legenda: “Quem rir vai preso”.

O deputado é um dos três parlamentares na mira das investigações dos atos golpistas. Clarissa Tércio (PP-PE) e Silvia Waiãpi (PL-AP) também são alvo de investigação por incitação a extremistas, em procedimentos separados que tramitam no STF.

As investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro já resultaram em 1.390 denúncias apresentadas ao Supremo Tribunal Federal. As acusações da PGR até o momento atingem 239 investigados apontados como executores dos atos de vandalismo, 1.150 incitadores da ofensiva extremista e um policial legislativo acusado de suposta omissão ante a depredação das sedes dos Três Poderes.

A PGR finalizou as denúncias relativas aos presos na Praça dos Três Poderes – considerados executores do vandalismo – e aos detidos no dia 9 de janeiro, no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília – classificados como incitadores.

O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR, diz que agora os procuradores vão se dedicar à identificação dos financiadores da ofensiva e à apuração sobre a omissão de agentes públicos no dia dos ataques.