08/04/2022 - 15:10
O jurista Dalmo de Abreu Dallari morreu aos 90 anos nesta sexta-feira, 8, na capital paulista, em decorrência de uma quadro agravado de insuficiência respiratória. Considerado um dos mais importantes juristas do País, com histórico de defesa dos Direitos Humanos e combate à ditadura militar, Dallari era professor emérito e ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Ele deixa a mulher, sete filhos, 13 netos e dois bisnetos. Mas não é só. Como afirmou a família, por meio de nota, o jurista também deixa “várias gerações de alunos e seguidores, aos quais se dedicou em mais de 60 anos de magistério e atuação na promoção dos Direitos Humanos”.
Para o diretor atual, professor Celso Fernandes Campilongo, a Faculdade do Largo de São Francisco perde parte de sua história. “Perdemos um grande amigo. Dalmo sempre se dedicou a fazer o bem. Um defensor dos Direitos Humanos. Ele dizia, constantemente, que a construção desses direitos deveria iniciar desde cedo. Somente assim as pessoas poderiam ter consciência do que é ser solidário e fraterno”, afirmou.
Nascido em Serra Negra, no interior paulista, Dallari mudou-se para a capital aos 16 anos. Ingressou na Faculdade de Direito da USP em 1953, e após a conclusão do bacharelado, concorreu à livre-docência em Teoria Geral do Estado, que passou a integrar em 1964.
Com o início da ditadura, o jurista atuou como resistência democrática e na oposição ao regime militar que se estabelecia na época. Uma de suas ações foi a colaboração na organização, em 1972, da Comissão Pontifícia de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, que prestou apoio jurídico e denunciou os casos de violação durante a ditadura.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi aluno e orientando de Dallari na USP. Em sua rede social, ele afirmou que hoje democracia e os direitos fundamentais perderam “um de seus maiores defensores”. “Com inteligência, coragem e sabedoria, Dalmo Dallari foi um exemplo para gerações de professores e estudantes”, disse.