Faleceu nesta quarta 21, o leiloeiro gaúcho Trajano Silva, aos 85 anos de idade. Silva era considerado um ícone no setor do agronegócio, por ser um dos empresários que apostaram na formatação da venda de animais por meio de pregões. Há 30 anos, ele foi um dos precursores do modelo de comércio de animais que se espalhou por todo o País. Hoje, seus filhos Osvaldo Indarte, em Mato Grosso do Sul, e Marcelo Silva, no Rio Grande do Sul, mantêm empresas leiloeiras que o pai ajudou a conceber. No País, não há dados oficiais sobre o mercado de leilões que oferta gado de produção e de seleção, mas a estimativa é de que fique próximo de R$ 2 bilhões, por ano.

Para o leiloeiro João Gabriel, um dos profissionais mais requisitados para comandar leilões de gado, Trajano Silva deixa um legado incontestável. “Trajano Silva é de fato um ícone no mundo dos leilões, nosso primeiro professor que ensinou lições de honradez e de transparência em nosso trabalho”, diz Gabriel. “Hoje, estamos de luto, todos os leiloeiros do Brasil sabem da sua importância.” Para Paulo Horto, diretor da leiloeira Programa, com sede em Londrina (PR), Silva é um baluarte na história dos leilões rurais no Brasil. “Ele deixa uma contribuição sem precedentes para a pecuária brasileira”, afirma Horto. Na noite de hoje, na abertura do leilão Nelore JOP Reprodutores, que a Programa organiza em Uberaba (MG), durante a Exposição Internacional de Nelore (Expoinel), os leiloeiros farão uma homenagem a Trajano Silva antes de iniciar os trabalhos de venda de animais.

As homenagens seguem também nas redes sociais. Paulo Brasil, outro leileiro com forte atuação no setor, escreveu em sua página: “os martelos estão de luto. Partiu o Pai de todos. De certa forma nos sentimos todos filhos dele. O homem que trouxe o modelo de leilões rurais para o Brasil. Fica o legado desta grande figura do martelo. Trajano Silva, o nosso mais profundo agradecimento.” 

A história de Silva começou bem antes dos leilões de gado se espalhar por todo o País, no modelo hoje praticado pelo mercado. Mas foi com a fundação da Trajano Silva Remates em 1961, no município gaúcho de Uruguaiana, que tudo começou a mudar. No ano seguinte, Silva passou a realizar leilões em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia, Minas Gerais e Roraima. Em 2010, ele publicou um livro de memórias, onde conta a odisséia desse período.  “Penso com este trabalho ter ajudado a pecuária em geral, porque o leilão foi fator decisivo na difusão do melhoramento genético e na fixação dos valores reais do gado em todo País, e também na inclusão social como um todo”, escreveu em prefácio do livro “50 anos da Trajano Silva Remates”. Nos últimos ano, Silva residia em Dourados (MS), onde será sepultado na tarde de hoje.