Seis artistas de Angola, Brasil e Portugal, países banhados pelo Oceano Atlântico e que compartilham a língua portuguesa, exibem suas obras na mostra temporária Atlânticos, a partir desta sexta-feira (12), no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista. Com entrada gratuita, a exposição ficará em cartaz até 2 de novembro.

Em parceria com o Instituto Serrinha, a mostra reúne vídeos, esculturas e instalações inéditas dos brasileiros Jonathas de Andrade e Shirley Paes Leme, dos angolanos Gegé M’bakudi e Wyssolela Moreira e dos portugueses Jorge das Neves e Inês Moura.

As obras resultam de uma residência de dez dias, em 2024, dos artistas no Festival Arte Serrinha. Para a produção das obras, eles tiveram como inspiração a língua portuguesa presente nos três países, e a exposição Línguas africanas que fazem o Brasil, que esteve em cartaz no museu até fevereiro de 2025, sobre as línguas dos grupos bantu, eve-von e iorubá que contribuíram para a formação do português brasileiro.

A Mata Atlântica, presente tanto na Serrinha como no Parque Jardim da Luz, localizado em frente ao Museu da Língua Portuguesa, no centro histórico da capital paulista, também serviu como estímulo.

“Atlânticos foi imaginada como uma ágora, uma praça, um espaço de diálogo aberto que busca criar uma conexão entre diferentes culturas, formas de produção artística e a língua portuguesa em um espaço de reflexão, troca e convivência, onde a arte serve como ponte para compreendermos melhor nossas semelhanças e diferenças”, disse, em nota, Fabio Delduque, idealizador do Festival e um dos curadores da mostra.

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Este é o primeiro projeto de artes visuais a ocupar o Pátio B, que tem ligação direta com a rua e a passarela da Estação da Luz, de livre acesso, sem a necessidade de retirada ou reserva de ingresso.

Vivendo entre Luanda, em Angola, e Toronto, no Canadá, a artista Wyssolela Moreira – uma das expositoras da mostra – faz uso da colagem da escrita, da fotografia, da videoarte e da performance em seu trabalho artístico. Em suas atividades, Wyssolela busca desafiar as narrativas existentes sobre a negritude e destacar as realidades sociais da desigualdade de gênero.

Em Atlânticos, ela vai apresentar a obra Quando o Corpo – Terra Lembra, uma série de bandeiras com um alfabeto visual lembrando cartas de tarô. Penduradas pelo espaço expositivo, a obra pretende levar à reflexão sobre a sua relação com a terra e os elementos que moldam experiências e relações.

“Este trabalho é tanto uma lembrança quanto uma investigação. Uma tentativa de compreender o que os ecossistemas nos revelam sobre nossa história compartilhada e como eles nos guiam a repensar nossa interdependência como povos”, disse Wyssolela.

Segundo a diretora técnica do Museu da Língua Portuguesa, Roberta Saraiva, as obras não apenas exploram temas de identidade e memória, mas demonstram como as artes visuais e a língua portuguesa podem se juntar em novas narrativas.

“É uma oportunidade única de ver como a língua portuguesa, presente em histórias e identidades tão diversas, pode ser a ponte para um diálogo artístico profundo e significativo.”