01/07/2010 - 0:00
Haja terras! Com a aquisição, gigante citrícola terá 64 mil hectares de pomares próprios
Um clima de incertezas ronda os laranjais brasileiros. Pouco mais de um mês após o exempresário Dino Toffini fazer novas denúncias sobre a formação de cartel entre as maiores beneficiadoras de laranja do País, a Citrosuco, do grupo Fischer, e a Citrovita, do Votorantim, anunciaram em 14 de maio uma joint venture em que cada uma fica com 50% da empresa. Com o negócio, que ainda espera aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a nova companhia passará a ter 25% do mercado mundial, sete fábricas, 64 faturamento de R$ 2 bilhões. Isso significa tirar o trono da Cutrale, que reinava como líder absoluta no cenário da laranja com 30% do mercado, porém com valor menor de exportações: US$ 676,255 milhões ante US$ 676,269 milhões da nova líder. A junção era esperada por quem acompanha o setor. “É um processo que começou há anos no varejo de mercados europeus, americano e aqui também”, explica Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR, entidade que representa as principais exportadoras citrícolas do Brasil.
A Joint Venture terá Mario Bavaresco Júnior, da Citrovita, como diretorgeral da nova empresa
Por trás desse cenário está uma empresa familiar, hoje nas mãos de Maria do Rosário Fischer, cujo acesso é dificílimo. Procurada por DINHEIRO RURAL, nem ela nem os executivos concederam entrevistas. Assessores informaram que todos estão ocupados com as definições da fusão. Maria do Rosário é viúva de Carlos Eduardo Fischer, filho do imigrante alemão Carl Fischer, que iniciou o negócio em 1932, como produtor de laranjas no interior de Santa Catarina. Segundo um funcionário da Citrosuco em Matão (SP) que preferiu não se identificar, “após a morte do sogro e do marido, ela optou por profissionalizar a gestão do grupo.” Assim Tales Lemos Cubero assumiu a presidência, enquanto ela passou a presidir o conselho de acionistas, acompanhada por suas quatro filhas. Entre elas Bianca, casada com Ricardo Ermírio de Moraes, um dos herdeiros do grupo Votorantim, que chegou a ser presidente da Citrosuco no passado. “Mas com os prejuízos amargados pela empresa e por motivos de concorrência, ele foi afastado”, relata Flávio Viegas, presidente da Associação dos Citricultores (Associtrus). Maria do Rosário deve continuar à frente do conselho, mas a presidência caberá a Cubero, que terá Mario Bavaresco Júnior, até então presidente da Citrovita, como diretor- geral.
O grupo mantém em Santa Catarina a Fischer, maior produtora de maçãs do País com 130 mil toneladas ao ano em 3,4 mil hectares, e a CBO, empresa de navegação com 13 embarcações usadas para apoio marítimo às plataformas de petróleo, e um estaleiro de 60 mil metros quadrados no porto de Santos. Quando vivos, Carlos e o filho Eduardo costumavam acompanhar de perto as unidades, como relata o funcionário da Citrosuco. “Agora as herdeiras estão distantes.” Questionado sobre a preocupação dos seis mil funcionários com possíveis demissões, ele é rápido: “O receio é mínimo, já que a direção comunicou que nenhuma mudança drástica deverá acontecer.” É esperar para ver.