Uma xícara de café bem tirada. Para os bons apreciadores, o método de extração da bebida é crucial para valorizar as notas e perfumes que migram dos grãos para o líquido. Para chegar ao ponto ideal, a ajuda de um barista era quase sempre necessária. Alguns aficionados, até se aventuravam e mesmo em casa já conseguiam efeitos surpreendentes. Mas nunca com o simples apertar de um botão. O que parecia impossível se tornou realidade graças a uma tecnologia proprietária da Nestlé: o Nescafé Dolce Gusto Neo, lançamento global da marca que pela primeira vez escolheu o Brasil para apresentar em primeira mão uma novidade de tamanha relevância. Seu desenvolvimento levou cinco anos e só por aqui recebeu investimento de R$ 300 milhões.

Como uma das funcionalidades da nova máquina, o consumidor consegue escolher entre cinco tipos de preparação de sua xícara: ristretto, espresso, lungo, caseiro e americano. Tudo isso com um objetivo muito claro. “Queremos trazer a experiência das cafeterias para dentro da casa do nosso consumidor”, afirmou Arnaud Deschamps, vice-presidente da companhia e head de Nescafé Dolce Gusto à RURAL, na Suíça. Isso significa, modos diferetes de preparo, sabores diversos, inovações, tecnologias e sustentabilidade.

TECNOLOGIA Nova máquina é conectada a aplicativo e lê instruções impressas nas cápsulas (Crédito:istock)

Nesta nova geração, o plástico das antigas cápsulas dá lugar a um papel 100% biodegradável, resolvendo um dos maiores problemas ambientais dos cafés espressos. De acordo com a empresa, após o uso, a embalagem com a borra pode ser retirada da máquina e colocada diretamente em uma composteira. Em seis meses, vira matéria orgânica. O processo, afirmou Peter Mul, líder de P&D de Nescafé Dolce Gusto, foi complexo, porque o projeto tinha que chegar a um equilíbrio perfeito entre o material da cápsula, o funcionamento da máquina e a extração da bebida em seu potencial máximo de qualidade. “O objetivo final sempre foi entregar a melhor xícara para o consumidor, só que com mais sustentabilidade.”

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Como base para o desenvolvimento do Neo, está uma ampla pesquisa feita pela companhia com os consumidores brasileiros. Entre os achados mais relevantes, a vontade de ter um bom café em casa feito sem esforço, mas com uma preocupação determinante sobre o impacto das cápsulas de plático e alumínio no ambiente. De acordo com a empresa, 43% dos entrevistados afirmaram que prefeririam evitar embalagens de plástico e 47% acreditam que os encapsulados geram muito desperdício. Na outra ponta, 93% associam café de qualidade às cafeterias e 84% querem servir o equivalente aos seus convidados. Assim, segundo Deschamps, nasceu Nescafé Dolce Gusto. “Estamos expandindo a fronteira da bebida.”

PLANOS O aumento das vendas deve ser uma das consequências finais para a Nestlé. A empresa não divulgou metas comerciais, mas deixou claro que olha para o mercado de café querendo ampliar o market share da marca Dolce Gusto. Hoje, ela participa com uma em cada sete xícaras consumidas no mundo.

O crescimento pode vir de dois caminhos. O primeiro é trazendo consumidores de concorrentes para o Neo — as cápsuas sustentáveis só servem nas máquinas da linha. Ou de forma orgânica. Segundo Marcelo Burity, head de Desenvolvimento de Café Verde da Nescafé, “o consumo da bebida deve crescer ao menos 50% até 2050 globalmente”. Na última safra, a demanda superou as 160 milhões de sacas. Como maior produtor, o Brasil participa com pouco mais de 30%. Em números absolutos, a safra 2022/23 deve chegar a 3 milhões de toneladas. Boa parte vendida para a Nestlé.

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Segundo Taissara Martins, gerente de ESG para Cafés e Bebidas da Nestlé Brasil, 10% dos grãos produzidos em território nacional são comprados pela empresa, e quando o corte são os 13% de grãos certificados, mais de 80% vão para a companhia. “Além do volume, a origem sustentável do café é um diferencial do País”, afirmou a executiva. Este foi um dos pontos também considerados para que a fábrica de Montes Claros (MG) fosse pioneira na fabricação das cápsulas: é perto dos centros produtores do grão que já têm técnicas de agricultura de baixo carbono estabelecidas.

São três as origem do café: Cerrado Mineiro, Sul de Minas e Espírito Santo que se transformam em dez variedades, sendo seis da linha regular, dois orgânicos, e dois da marca Starbucks. Todos eles certificados, critério que deverá ser cada vez mais exigido pela Nestlé que em novembro anunciou US$ 1 bilhão em investimentos para tornar a cadeia mais responsável.

“Queremos trazer a experiência das cafeterias para dentro da casa do nosso consumidor” Arnaud Deschamps nescafé dolce gusto (Crédito:William Gammuto)

É da agricultura que vem 70% das emissões carbono da companhia, que não está medindo esforços para que a única pegada Nescafé a ser reconhecida pelas gerações futuras seja em forma de uma xícara de café sustentável e da melhor qualidade.