06/12/2017 - 12:04
Nos últimos anos, a concentração de empresas do setor de insumos tem acontecido de forma intensa globalmente. E esse movimento deve continuar porque ainda há grupos com potencial para fusões e aquisições. Os últimos lances envolveram cinco gigantes, em dois negócios diferentes. Um entre as alemãs Bayer e a Basf. E o outro entre a Syngenta, a Adama e a Nufarm. No caso das duas alemãs de biotecnologias, a Bayer Crop Science, uma das mais sólidas do setor, vendeu para a Basf, por US$ 7 bilhões, a sua tecnologia de glufosinato de amônio, a LibertyLink para tolerância a herbicidas. Também foi no pacote todos os negócios de sementes de culturas de campo, entre elas soja e milho. Esses ativos renderam à empresa cerca de US$ 1,4 bilhão no mundo, em 2016. Para a Bayer, foi um dos passos mais ousados de sua historia, desde a fundação em 1863. O desinvestimento, que também vai ajudar no pagamento da compra da Monsanto, realizada em setembro de 2016 por US$ 66 bilhões, vai levar a alemã a um novo patamar no domínio tecnológico: a pesquisa genética de sementes, que deve ser mais intensa nas próximas décadas. Nessa área, a Monsanto já domina há décadas e com folga a corrida por inovações.
No caso de Syngenta, Adama e Nufarm, o movimento foi provocado por agentes reguladores da União Europeia. Eles obrigaram a asiática ChemChina, que já era dona da israelense Adama e que comprou a suíça Syngenta por US$ 43 bilhões, no ano passado, a se desfazer de parte dos negócios. Foram negociados uma série de ativos por US$ 540 milhões à australiana Nufarm. Apenas em registros de produtos no mercado europeu estavam no pacote cerca de 260 patentes no valor de US$ 490 milhões, mais 50 fórmulas de proteção a lavouras, além de inventários e estoques de herbicidas, inseticidas e produtos para tratamento de sementes e de lavouras.
LATICÍNIOS
A retomada da Ourolac
Com sede em Rio Verde, o laticínio goiano Ourolac, da família Magela Mello, possui um plano de expansão para a América Latina e com isto pretende triplicar sua receita em quatro anos. Em 2017, espera faturar R$ 200 milhões, 75% acima de 2016, ao processar 72 milhões de litros de leite no ano. E para dar cabo ao projeto, vendeu participação de seu capital para dois fundos de investimentos por R$ 90 milhões. Os novos acionistas são a 2bCapital, do grupo Bradesco, e a americana Siguler Guff & Company. O laticínio tem como clientes o Burger King, o Bob’s, o KFC, o Giraffas, o Cinépolis e a Cacau Show.
FINANÇAS
Na conta do Refis
Duas gigantes do agronegócio, a BRF e a Ambev, aderiram, em outubro, ao Programa Especial de Regularização Tributária (Pert), nome para o novo Refis. O projeto bancado pelo presidente Michel Temer vai renegociar dívidas tributárias que devem gerar ao caixa do governo R$ 8,8 bilhões neste ano. A polêmica fica por conta de mudanças feita no projeto de lei. Inicialmente, o governo chegou a projetar que arrecadaria R$ 13,3 bilhões. com o Refis. No caso da BRF, a dívida é de R$ 455 milhões. Já a Ambev deve R$ 3,5 bilhões ao governo, dos quais R$ 1 bilhão serão pagos ainda neste ano.
ENERGIA RENOVÁVEL
NÚMEROS DO MERCADO
R$ 535,4 bilhões é a projeção para o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária em 2017, de acordo com o Mapa
R$ 2,5 bilhões foram liberados do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) pelos bancos até a primeira semana de outubro
R$ 107 milhões de toneladas de soja devem ser colhidas na safra 2017/2018, no Brasil, segundo o USDA
US$ 100 milhões deve ser o aumento anual das vendas brasileiras à Cingapura após o anúncio de compra de carne bovina e suína com osso
R$ 28 milhões será o aporte da francesa Hypred, de desinfecção e higiene, para a construção de uma fábrica, em Lajeado (RS)
€ 10 milhões serão investidos pela Inovation Foods para construir duas fábricas de ovos fritos e líquidos pasteurizados, no Rio Grande do Sul
MÁQUINAS E IMPLEMENTOS
Mahindra a todo o vapor
A Mahindra, multinacional indiana de máquinas e implementos agrícolas, que fatura no mundo US$ 13,4 bilhões com o agronegócio, pretende investir no Brasil cerca de R$ 70 milhões nos próximos quatro anos. A empresa está interessada na compra de ativos e em negócios de menor porte que o dela. A Mahindra, que no ano passado vendeu 54 tratores por aqui, tem planos de chegar a 1,5 mil unidades até 2019.
Emirados Árabes
A hora da virada
De um lado, 15 grupos empresariais vindos dos Emirados Árabes Unidos, um dos mais ricos em petróleo do mundo, com potencial para investir até US$ 50 milhões cada um. Do outro lado estavam 50 grupos brasileiros para mostrar a eles que é possível fazer negócios por aqui. Promovido pelo Mapa, no mês passado, um encontro de empresários, em Brasília, colocou na mesa 62 projetos para atrair os árabes. Eles visitaram o Brasil com interesse em setores como logística, grãos, carnes, alimentos processados, açúcar e etanol. Entre 2003 e 2016, os Emirados Árabes investiram no mundo US$ 290, 2 bilhões, dos quais apenas US$ 1,5 bilhão no Brasil.
EXPORTAÇÃO
Vitória brasileira
O Brasil fez um gol de placa após a Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmar a sua vitória em uma disputa com a Indonésia. O país havia colocado barreiras à entrada de carne de frango, afirmando que os frigoríficos brasileiros não seguiam o padrão halal. Esse mercado, com potencial de US$ 100 milhões por ano, é pretendido pelo Brasil há uma década.
Análise do Mês
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) tem considerado mudanças nas regras ao cumprimento dos mandados anuais de mistura de biocombustíveis do programa Padrões de Combustíveis Renováveis. Uma possível alteração é a inclusão das exportações de etanol para atingir as metas volumétricas do mandato. De acordo com as regras atuais, cada galão de etanol produzido no país gera um número de identificação renovável negociável, o RIN, que pode ser usado para provar a conformidade com as metas anuais de uso de biocombustíveis. Mas o RIN é cancelado se o galão é exportado.
As empresas de refino, tais como a Valero Energy e a PBF Energy, defendem a mudança, pois o aumento de crédito no mercado o tornaria mais barato, viabilizando o cumprimento do mandato pelas refinarias. A EPA estuda realizar cortes nas metas do RFS para enfraquecer os custos com a importação dos biocombustíveis. Para a agência, a expiração do crédito na mistura de biodiesel favoreceu o aumento dos preços dos RINs. Entre as alterações consideradas, a EPA ainda pode cortar a meta total do RFS, de 19,24 bilhões de galões propostos para 2018, para 18,77 para o RFS de 2019.