29/12/2024 - 7:00
A participação das mulheres no agronegócio tem aumentado, e na Escola de Agronegócio da Atitus, localizada em Passo Fundo (RS), elas já representam não só a maioria dos professores como também dos alunos.
+ Mulheres com cargo de liderança frente à cafeicultura é crescente
A faculdade oferece os cursos de Agronomia e Medicina Veterinária. Do total dos estudantes, 67% são mulheres, e entre os docentes da Atitus, 73% são do sexo feminino. A todo, são 270 alunos na instituição e 32 professores.
Apesar de as mulheres representarem já a maior parte dos estudantes de graduação no país, segundo o Censo Escolar 2023, sua predominância ainda não ocorre em todos os cursos. A quantidade de concluintes do sexo feminino em agricultura, silvicultura, pesca e veterinária foi de 52,4% no período.
+ Pesquisa lista profissionais especializados mais procurados pelo agro e salário médio
Os cursos da Atitus são coordenados por Dâmaris Hansel, doutora em Engenharia Agronômica, e Suyene Oltramari, doutora em Ciências Veterinárias.
“Todo o mercado hoje tem essa busca pela inserção da mulher”, afirma Hansel. “Foi, na verdade, uma crescente.”
Localizada a cerca de 290 quilômetros da capital Porto Alegre, Passo Fundo tem pouco mais de 200 mil habitantes e é uma cidade de economia diversificada, com maior peso do setor de serviços, seguido pela indústria. No município há também outras faculdades, como a Universidade de Passo Fundo e o Centro Universitário IDEAU.
Mercado de trabalho no agronegócio
Entre as alunas da Escola do Agronegócio da Atitus, há um variado perfil socioeconômico, que abrange mulheres nascidas no interior até outras com pouco contato com agricultura e animais, de famílias com grandes propriedades rurais a de pequenos produtores.
As coordenadoras dos cursos atribuem o crescimento de mulheres a mudanças no próprio mercado de trabalho.
“Existia aquela imagem do agro relacionado a uma força bruta. Hoje, não existe mais tanto porque nós temos as tecnologias”, diz Hansel.
Oltramari destaca que é necessário cada vez mais construir conhecimento para uma pecuária de precisão, com análise de detalhes para expandir o lucro. “O agronegócio no Brasil é uma potência, ele emprega muito.”
A representatividade também está crescendo e impacta. Oltramari usa o próprio caso como exemplo, já que tem uma tia e uma prima na veterinária. “A representatividade da mulher é o caminho para a gente inserir cada vez mais mulheres em qualquer área”, diz.
“Resistência para o que é novo”
Apesar de celebrarem a crescente presença feminina, as coordenadoras dos cursos mencionam já terem encontrado casos de machismo no ambiente de trabalho das suas respectivas áreas. Elas evitam, porém, detalhes dessas histórias.
“Sempre vai ter uma certa resistência para o que é novo, e a mulher nesse ambiente é relativamente novo”, sintetiza Hansel. Ela avalia, contudo, que a mulher desafiada tem uma “força extra”, que pode ser aplicada no agronegócio.
“O que a gente tenta fazer sempre é mostrar para elas que elas podem ocupar esses espaços, que é importante”, destaca Oltramari. “Esses percalços, essas distrações podem acontecer em algum momento, mas o foco das mulheres é ocupar o espaço que a gente quer ocupar.”