19/09/2025 - 7:48
Com lançamento marcado para este sábado (20), o número zero da revista cultural O Mantiqueira chega em formato que remete aos suplementos de cultura dominicais. Gratuita em sua primeira edição, reflete a programação e o objetivo do Carde, museu da Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA) que une o acervo de cerca de 500 carros e propostas ousadas de design para refletir sobre história e construção de identidades regionais.
Pensado em parceria com o Projeto República, centro de memória e documentação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado pela professora Heloisa Starling, O Mantiqueira terá como centro de seu projeto editorial contar as histórias do século 21, Nesta edição estão reflexões sobre a memória e sua relação com o espaço nas terras e águas da serra, assim como na ocupação caipira, no tempo do campo e na relação do homem com o território, onde constrói cultura e formas de estar no mundo. Nas palavras de Leonardo Piana, que assina um dos artigos da publicação, “você está escrevendo sobre as montanhas. O que é verdade, mas também esconde tantas coisas”.
A edição conta com uma entrevista do historiador Evaldo Cabral de Mello, matérias de cultura, como a que reflete sobre a obra do artista plástico e compositor Heitor dos Prazeres, além de dedicar tempo e energia à reflexão sobre democracia, a ascensão nazista nos anos 30 na Alemanha, assim como na atualidade brasileira e em seus desafios, das cidades ao interior das florestas, e seu delicado equilíbrio.
“A Serra da Mantiqueira é uma estrada interminável, por onde cruzam diversos caminhos, todos embutidos uns dentro de outros e cada um deles conduzindo adiante o fio de suas histórias. Quando olhamos para a história da Mantiqueira, vemos a história dos indígenas, dos escravizados, das riquezas do nosso país”, diz Heloísa Starling.
Para ela, a Mantiqueira oferece ferramentas para que se possa refletir sobre o presente e imaginar o futuro que queremos.
” É um espaço que nos leva a pensar a importância dos direitos, da preservação do meio ambiente, de uma riqueza que não pode ser concentrada, mas precisa ser repartida para que a sociedade não permaneça desigual. Direitos são convincentes porque ressoam dentro de cada um. Por essa razão, demandam participação ativa daqueles que os detém e incitam os excluídos a falar por si mesmos e a exigir reconhecimento igual”, acrescenta.
A distribuição do suplemento será feita pelo Carde e pela editora Autêntica, que assina o projeto junto com o República e a FLMA. A edição 0 (zero) é gratuita e será distribuídas na sede do Carde, em livrarias, bancas, escolas e universidades da região, principalmente da cidade de Campos do Jordão, onde se localizam a fundação e o museu, além de ser disponibilizada para download. Sua periodicidade será quadrimestral.
A fundação que financia o projeto foi criada para ser o legado de Lia Maria Aguiar, uma das herdeiras do grupo Bradesco e detentora de uma das 50 maiores fortunas do país. Adotada pelo fundador do banco, Lia não tem filhos. Além de criar a fundação, disse que doará seu patrimônio, estimado em mais de R$ 1 bilhão, para a instituição que carrega seu nome.