Em campanha pela reeleição, o presidente Jair Bolsonaro exaltou a posse e o porte de armas de fogo no campo e fortaleceu sua ligação com o agronegócio nesta sexta-feira, 2, durante a abertura da 45ª Expointer, em Esteio (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre. A feira agropecuária é a maior a céu aberto da América Latina.

“Hoje vocês têm a posse e porte de arma estendido. Um orgulho nosso: dobramos o número de CACs [grupo de colecionadores, atiradores e caçadores] e hoje somos 700 mil CACs pelo Brasil. Armas de fogo são mais que a certeza familiar são a certeza que essa Pátria jamais será escravizada”, afirmou o chefe do Executivo, que foi aplaudido pelo público formado por agricultores, criadores de animais e empresas de insumos agrícolas.

A defesa do armamento ocorre um dia após a tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, com uma arma de fogo. Até o momento, Bolsonaro foi o único dos principais candidatos ao Palácio do Planalto a não se manifestar sobre o ocorrido. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o ódio político é uma ameaça à democracia na região. A senadora Simone Tebet (MDB) afirmou que é preciso dar um fim à violência política. O ex-governador Ciro Gomes (PDT), por sua vez, criticou o “radicalismo cego” e “polarizações odientas”.

Bolsonaro exaltou o agronegócio na abertura da 45ª Expointer. “Meu reconhecimento pelo trabalho de vocês que trazem segurança alimentar e divisas ao nosso Brasil. Colaboramos com vocês em Brasília e queremos, cada vez mais, que vocês tenham independência do Executivo, mais liberdade para trabalhar”, afirmou.

O presidente busca fortalecer sua ligação com o agronegócio em meio às dificuldades de Lula de se aproximar com o setor produtivo após declarações recentes em que associou parte do agro ao fascismo e ao desmatamento.

Bolsonaro voltou a mencionar suas ações na negociação para garantia de fertilizantes para os produtores rurais brasileiros, em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, e os mais de 400 mil títulos de terra distribuídos em sua gestão. “Hoje esses homens e mulheres se integram à nossa sociedade, se fazem amigos dos fazendeiros e se fazem cidadãos de verdade. Entregamos mais títulos que o ‘bandido’ lá atrás entregou em oito anos. Não podemos associar que certas pessoas ousem falar em comandar a nossa nação”, repetiu, sem citar Lula nominalmente.

O presidente citou bandeiras da campanha, como a defesa da família e o rejeição à legalização das drogas, à descriminalização do aborto e à ideologia de gênero, numa tentativa de se fortalecer no agro também pela pauta conservadora, não apenas pelo viés de mercado. “Somos um País majoritariamente de cristãos e não admitiremos retrocesso nessa área”, disse.

Bolsonaro participou da abertura do evento ao lado do governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), aliado de Tebet. O presidente está acompanhado do vice-presidente e candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos), e do ministro da Agricultura, Marcos Montes. Também estavam no palco o senador Luis Carlos Heinze (PP), candidato ao governo do Estado, e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), que também disputa o governo gaúcho. Ambos dividem o apoio político de Bolsonaro na disputa pelo Palácio Piratini.

Após a abertura, Bolsonaro almoçará com lideranças do agronegócio gaúcho em encontro organizado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e visitará os animais expostos e stands da feira. Amanhã, em Novo Hamburgo (RS), na região do Vale dos Sinos, Bolsonaro participará do encontro “Mulheres pela Vida e pela família”, acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro. São esperadas 7 mil mulheres no evento de cunho religioso.

Apoio

Antes do discurso de Bolsonaro, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, manifestou apoio do setor à reeleição do atual presidente da República. “O campo não é direitista e muito menos fascista. O campo é bolsonarista”, disse Gedeão, conclamando os presentes aos gritos de “mito”, em referência à declaração recente de Lula em que associou parcela do setor à direita e ao fascismo.