19/06/2020 - 7:50
Três bonecos do mafioso Tony Montana, o personagem do ator Al Pacino no filme Scarface, dirigido por Brian de Palma, em 1984, ladeavam um cartaz alusivo ao Ato Institucional nº 5, decorando a lareira da sala de estar da casa que hospedava o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz.
Dois dos bonecos de Montana vestiam ternos brancos; o terceiro, um preto. E portavam armas. No filme, Pacino é um criminosos cubano embarcado pelo regime de Fidel Castro nos barcos que partiram do porto de Mariel, em 1980, apinhados de imigrantes para os Estados Unidos. Ali o mafioso faz carreira, reeditando os passos do Scarface original, o mafioso Al Capone, na Chicago dos anos 1920.
No esconderijo de Queiroz, à esquerda da lareira, havia uma televisão em cima de um móvel com duas dúzias de DVDs. Uma raquete para matar mosquitos e um ventilador guarneciam o lado direito. A sala tinha ainda duas poltronas e uma mesa, atrás da qual havia um colchão. Foi sentado em uma de suas cadeiras que o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro acompanhou as buscas da polícia.
Os investigadores só recolheram os documentos de Queiroz. Nenhum objeto do dono do imóvel, o advogado Frederick Wassef – como o cartaz do AI-5 ou os bonecos de Montana -, foi apreendido. Havia a suspeita que o lugar fosse usado para guardar papéis e outros clientes do advogado. Um tapete na casa, aliás, fazia referencia ao escritório de Wassef – Wassef & Sonnenburg Advogados.
Queiroz dormia em uma cama de casal em um dos dois quartos do imóvel. O cômodo tinha ainda um armário com uma imagem de Nossa Senhora. O outro quarto tinha duas camas de solteiro. A cozinha e um banheiro completavam a planta da casa. “O lugar era simples”, disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves. Um ambiente bem diferente da mansão de Tony Montana, com o letreiro anunciando: “O mundo é seu”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.