O interventor federal na segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, disse que o então secretário de segurança pública, Anderson Torres, sabia sobre a ameaça de invasão aos três Poderes que ocorreu no dia 8 de janeiro em Brasília. O relatório com essas informações foi entregue a Torres no dia 6, mesmo dia em que ele viajou para os EUA. O interventor falou com jornalistas nesta sexta-feira, 27, para apresentar os principais pontos do relatório sobre os atos golpistas.

De acordo com Cappelli, o relatório do dia 6 informava que havia uma manifestação “pela tomada do poder” que previa a invasão aos prédios públicos. “Ali está descrito tudo que poderia acontecer. Está documentado, não faltou informação”, afirmou.

O interventor disse que a detecção das ameaças deveria ter se desdobrado em plano operacional e ordem de serviço, o que não ocorreu. “Batalhões importantes não foram sequer acionados”, disse Cappelli. Ele ainda informou que nove comandantes desses batalhões estavam de férias ou de licença no dia 8.

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Cappelli disse que não houve conivência na atuação do ex-comandante da Polícia Militar Fábio Augusto Vieira, preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ele teria atuado desde o início da manhã no campo de operações e tentou mobilizar as tropas, segundo o interventor, mas seus apelos e ordens não foram atendidos. Segundo Cappelli, esse fato revela um problema de hierarquia e disciplina nas forças militares. “Na hora que a polícia é politizada pelo poder público, quem assume o comando tem sua capacidade de comandar seriamente atingida”, afirmou.