07/01/2020 - 13:13
Enquanto você lê esse texto, um quarto da população mundial está sofrendo com a desnutrição. É realmente difícil de acreditar que mais de 820 milhões de pessoas no mundo – quase quatro vezes a população do Brasil – não tenham acesso a uma alimentação adequada. A fome é um problema silencioso, porém imediato, já que é responsável por mais mortes todos os anos do que doenças como a Aids, a malária e a tuberculose juntas.
Nas últimas décadas, os produtores rurais de todo o mundo vêm trabalhando arduamente para atender ao aumento global da demanda por alimentos, em grande parte por meio do aumento de seus plantéis – mais bois, mais porcos, mais galinhas… Mas o que pouca gente se dá conta é que cada um desses animais adicionais exige mais terra, mais água, mais alimento e mais energia. Em tempos de recursos naturais finitos, sabemos que é simplesmente insustentável seguir aumentando o número de animais para alimentar a população crescente.
A resposta do setor produtivo a este desafio não deve mais se limitar ao aumento no número de animais, mas sim no trabalho para que os animais já existentes tenham vidas mais saudáveis. Manter a saúde dos animais não é apenas um imperativo ético, como também melhora a produtividade em campo, proporcionando às pessoas mais comida a preços mais acessíveis. Isso sem contar a redução do desperdício de alimentos. Nos últimos 60 anos, uma ampla gama de inovações permitiu que os agricultores e pecuaristas aumentassem a produção média por hectare e, ao mesmo tempo, mantivessem práticas sustentáveis. E há diversas histórias fantásticas de sucesso que podem servir de aprendizado. A do setor de aves é apenas uma delas.
Desde 1972, a disponibilidade de frango triplicou de 1,17 quilo por pessoa para 3,9 quilos. Hoje, graças às inovações agropecuárias, particularmente nos setores de nutrição, saúde animal e boas práticas de produção, os criadores estão produzindo aves que não são apenas mais saudáveis, mas também mais produtivas. Assim, se continuássemos aumentando somente o número de animais, precisaríamos de 131 bilhões de frangos para atender à demanda da população em 2050. Mas, com novos avanços, poderemos alimentar toda essa gente com apenas 99 bilhões de aves – 24% a menos. Isso significa 20% a menos de ração, terra e água. Os números falam por si.
No entanto, mais do que o ganho de produtividade, a sanidade dos animais também vem ajudando a sustentar e desenvolver pequenos produtores e suas comunidades. Seja no interior do Brasil ou na África subsaariana, uma vaca leiteira doente pode significar a perda não apenas de uma importante fonte de alimento para uma família, mas também a perda de seus meios de subsistência.
Para o setor de saúde animal, nada é mais importante do que o vínculo entre humanos e seus animais. Prova disso é o investimento contínuo em pesquisas que possibilitam o desenvolvimento de produtos inovadores fundamentais para garantir o tratamento adequado a bovinos, suínos, aves e peixes em todo o mundo. Trabalhando juntos – produtores, consumidores, empresas, governos e ONGs – e promovendo a saúde dos animais, podemos resolver o nosso problema mais urgente: a fome.