03/06/2015 - 12:25
Enquanto boa parte das empresas esperam navegar em mares agitados no mercado financeiro mundial, diminuindo os investimentos, algumas fazem o caminho inverso, ao apostar que as turbulências são passageiras e que as águas tranquilas estão logo à frente. Para as companhias de navegação que transportam produtos do agronegócio brasileiro, isso não é uma figura de linguagem: o aumento da produção tem sido um convite aos investimentos. “Temos uma frota de navios novos e modernos, pronta para atender ao aumento de demanda”, diz José Roberto Salgado, diretor-executivo das áreas de operações marítimas, logística e transporte intermodal da Aliança Navegação e Logística, subsidiária brasileira do grupo alemão Hamburg Süd.
Para 2015, a líder mundial de transporte em contêineres projeta um crescimento global de 5,4% nos embarques, sobre 2014. No ano passado, a empresa transportou 3,4 milhões de contêineres, em 168 navios, e faturou E 5,2 bilhões. No Brasil, a Aliança faturou R$ 3,6 bilhões, principalmente com as operações de cabotagem entre portos brasileiros e também argentinos.
No mercado internacional, de acordo com Salgado, o Brasil deve ter um papel de destaque no crescimento da empresa, principalmente em função das exportações do agronegócio para a China. Nos últimos anos, a taxa foi de 10% em média, embora para 2015 o comércio com o país asiático deva crescer menos. As carnes representam o maior filão do mercado de transporte em contêineres, liderado por grandes empresas, como a JBS e a BRF. “O setor de carnes tem crescido muito nos últimos anos e isso se reflete nos nossos serviços”, diz Salgado. No ano passado, somente para Hong Kong, a principal porta de entrada de carne bovina no mercado chinês, foram transportadas 400 mil toneladas, no valor de US$ 1,7 bilhão. Entre os granéis exportados, a soja e os minérios são os principais produtos. Já entre os importados, estão os fertilizantes. Desde 2006, a China é o principal parceiro comercial do País. No ano passado, o movimento foi de US$ 90 bilhões. Para o diretor-superintendente da Hamburg Süd no Brasil, Julian Thomas, a redução de 11% no preço internacional do petróleo, aliada às boas taxas de câmbio em função da valorização do dólar, devem determinar custos operacionais mais favoráveis, neste ano. “Por isso, os últimos investimentos compensaram”, diz Thomas. A mais recente aquisição da Hamburg Süd foi a Companhia Chilena de Navegação Interoceânica, que opera entre a costa Oeste da América do Sul, Ásia, América do Norte e Europa. “Essa aquisição deve ser concluída ainda neste semestre”, afirma. Com a compra, a empresa alemã aumentará em 10% o volume transportado.