01/03/2011 - 0:00
Uma relação de troca, interessante para ambos os lados, como o bom e velho escambo, é o que propõe Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), para garantir a prosperidade do agronegócio brasileiro nas próximas décadas. A troca envolve o maior gargalo do agronegócio, o sistema portuário, prestes a travar caso não receba investimentos imediatos, e a China, país que está com os olhos arregalados para o Brasil. “Seria um acordo de endividamento securitizado com a China”, diz Rodrigues. A proposta é que a China forneça dados de crescimento para que o Brasil cresça paralelamente e atenda sua demanda de alimentos. “O primeiro passo é acertar os números: quanto a China vai precisar e quais produtos?
Quanto deveríamos crescer para atender a esse mercado?”, afirma. Rodrigues. Pelo esquema, os chineses financiariam as obras de modernização da rede de logística brasileira, com a abertura de uma saída para o Pacífico, que passaria pela região agrícola da chamada de Mapito (que engloba Maranhão, Piauí e Tocantins). O Brasil quitaria o financiamento em 40 anos com a entrega de produtos agrícolas. Para Rodrigues, um acordo de escambo nesses termos resolveria três dos mais importantes problemas do agronegócio: o domínio do mercado na China, a modernização da infraestrutura e o aumento da produção interna.
Em 2010, a China liderou o ranking dos países que mais compraram produtos do agronegócio brasileiro: 23,4% das vendas totais.
Dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC) apontam que os investimentos da China no Brasil, em 2011, chegarão aos US$ 25 bilhões e podem passar dos US$ 40 bilhões em 2014. Nos portos, a situação é ainda mais crítica. Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que seriam necessários R$ 30 bilhões para obras nos portos até 2014. Desse valor, R$ 5,1 bilhões estão garantidos pelo PAC2 do governo federal e R$ 15 bilhões viriam de empresas privadas, como a Rumo, braço de logística da Cosan, que aplicou R$ 1,3 bilhão em seu terminal em Santos. O estudo aponta ainda que os maiores problemas estão nos portos de Santos (SP), Vitória (ES), Pecém (CE), Itaqui (MA) e Rio Grande (RS).