01/02/2008 - 0:00
Tradicionalmente, a produção de farinha, um dos principais subprodutos da mandioca, amplamente cultivada na região do agreste do Rio Grande do Norte, é feita de forma basicamente artesanal, em casas de farinha passadas de pai para filho. A maior parte do produto era vendida na forma de atacado nas feiras da região. O problema desse modelo é que, além de oferecer uma baixa rentabilidade para os produtores, ele não mantém condições básicas de higiene para o produto.
Mas essa é uma realidade que aos poucos vai se tornando parte do passado. Na região de Vera Cruz, onde existe um verdadeiro pólo produtor, com cerca de 60 casas de farinha, alguns produtores têm se dado conta das vantagens de investir na modernização do produto. Com apoio de um programa do Sebrae/RN, algumas casas de farinha estão se transformando em indústrias e fazendo da produção de farinha um verdadeiro negócio.
Através desse programa, foram identificados os pontos que podiam ser melhorados dentro do processo produtivo, como conta Fernando Melo, gestor do projeto do Sebrae/ RN. “A farinha não tinha nenhum valor agregado. O produto não tinha praticamente nenhum beneficiamento. Fizemos uma ampla pesquisa e através de palestras e seminários estamos orientando os produtores.” Dentro do programa, o produtor conta ainda com o auxílio de uma nutricionista, que ajuda na elaboração do produto e recebe orientação para adquirir certificados na Anvisa e no Ministério da Agricultura.
O produtor Jânio dos Anjos é um exemplo dessa mudança. Junto do pai e dos irmãos, a mais de 30 anos ele tocava uma casa de farinha tradicional. Lá, o produto era feito de forma artesanal, um sistema produtivo que vinha desde a época de seu avô. Mas desde que aderiu ao programa do Sebrae seu negócio se transformou. Ele modernizou suas instalações, investiu na qualidade do produto e criou a marca Farinha dos Anjos, que se transformou em um modelo para as casas de farinha da região. “Nossa tendência sempre foi passar da produção caseira para a indústria. Hoje estou animado com as mudanças”, comemora Jânio.
A empresa investiu em novos sabores do produto e na embalagem com que a farinha é comercializada, tudo para conquistar um público mais exigente. “Queremos mostrar um diferencial no mercado e valorizar o produto. Com isso, esperamos crescer nesse negócio”, revela Jânio dos Anjos, agora empresário.
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