13/10/2014 - 14:57
Saber a hora certa de plantar, planejar a colheita para o melhor momento e interrompê-la, caso seja iminente o risco de chuva, ou até mesmo ser notificado do melhor momento do mercado para negociar a safra. No campo, esse é o sonho de todo agricultor que olha para o futuro. Mas o que parece um sonho distante pode se transformar em realidade muito mais rapidamente do que se imagina. Para isso, as montadoras de máquinas agrícolas instaladas no País trabalham duro para aproximar os produtores dessa realidade. Montadoras, como as multinacionais AGCO e CNH, anunciam, em mais essa reportagem produzida pela DINHEIRO RURAL para a seção DESAFIO 2050, que os agricultores não terão de esperar 36 anos para ter esses recursos disponíveis.
Atualmente, já estão disponíveis ferramentas para tornar as lavouras mais eficientes. GPS, piloto automático, telemetria e monitoramento de colheita são tecnologias amplamente utilizadas. Mas o grande entrave é que todas essas tecnologias não funcionam de forma integrada. “Nosso sistema produtivo não está conectado, existem diversos pontos de paradas”, diz Rafael Costa, gerente de marketing de produto AT S do grupo AGCO, dona das marcas Massey Ferguson, Fendt, Challenger e Valtra. Para solucionar esse problema, o grupo AGCO trabalha no projeto “Fuse Technologies”. Essa estratégia tem como objetivo aumentar a eficiência, com foco no conceito de agricultura inteligente. Com essa integração em uma única plataforma, seja computador ou smartphone, no futuro, o produtor terá nas mãos, em qualquer lugar, dados de todas as suas máquinas. Será possível, por exemplo, antecipar se um componente de uma das máquinas pode apresentar defeito e, remotamente, solicitar a sua troca. “Com a integração de informações, os reparos poderão ser feitos instantaneamente”, diz o gerente da AGCO.
Integração é um dos mantras da Stara, empresa gaúcha que há 54 anos atua em agricultura de precisão. A empresa desenvolve uma nova geração dos chamados DGPS (sigla em inglês para Differential Global Positioning System), que é uma evolução do GPS e estará disponível para o sistema android. Isso permitirá ao produtor realizar a telemetria (informações da área) de sua propriedade com o celular ou tablet. “Esse primeiro passo dará muito mais mobilidade ao agricultor”, afirma Rafael Schmidt Magni, especia lista em marketing de produto da Stara. De acordo com ele, a grande vantagem dessa tecnologia é a recisão na localização. Hoje, a precisão nominal do GPS é de 15 metros. Com DGPS cai para dez centímetros.
O executivo Gregory Riordan, gerente de marketing de agricultura de precisão para a América Latina da CNH Industrial, detentora das marcars New Holland e Case, acredita que a tendência é que o produtor tenha um centro próprio de controle para tomadas de decisões. “Com a união das tecnologias, o produtor terá de ter um lugar para administrar todas as informações”, diz Riordan. Nesse centro, ele, além das informações da produção, terá acesso às notícias meteorológicas. Segundo Riordan, tudo indica que, no Brasil, os grandes projetos agropecuários sigam os exemplos das empresas americanas que já estão construindo centros meteorológicos, a exemplo da Monsanto. “Nos Estados Unidos já se consegue prever uma chuva de granizo, e com o uso da tecnologia eles a dizimam”, afirma Riordan.
Algumas dessas tecnologias já começam a surgir no Brasil. É o caso de um caminhão produzido pela empresa de implementos agrícolas JAN. A máquina, que no próximo ano passará a ser produzida em larga escala, foi um dos destaques do prêmio Gerdau Melhores da Terra, que acontece há 32 anos, durante a Expointer, em Esteio (RS). O caminhão que foi o destaque na categoria Agricultura de Escala, é um distribuidor de fertilizantes que contém dois depósitos com esteiras independentes. Isso lhe dá a autonomia para, ao mesmo tempo, distribuir dois insumos com quantidades diferentes, otimizando tempo e reduzindo gastos com combustível em até 50%.