WILSON MARQUES: seu primeiro leilão foi realizado em novembro

Ele já é um dos reis do Carnaval, mas ainda não está satisfeito. Aos 62 anos, o baiano Wilson Marques, fundador e sócio do Chiclete com Banana, entrou de cabeça na criação de nelore puro de origem e tem tudo para se transformar em breve em um dos principais nomes do mundo dos leilões. Sem qualquer tipo de consultoria, comprou alguns dos melhores animais do Brasil, montou uma bela e estruturada fazenda nos arredores de Salvador e agora se prepara para fazer uma revolução na pecuária do Estado da Bahia. Envolvido com a criação de gado há aproximadamente 20 anos, Marques deixou seus animais de corte de lado há um ano e meio, quando comprou seu primeiro animal de elite, e desde então não parou mais. Fundou a Ouro Bahia Agropecuária e hoje conta com aproximadamente 200 cabeças. Sua meta, no entanto, não é expandir o negócio, mas sim reduzir este número para algo em torno de 100. Não que o negócio vá mal, mas sim porque quer trabalhar apenas com “o melhor do melhor”.

Para isso, o empresário pretende selecionar seus melhores animais e iniciar o quanto antes a reproduzilos. Perfeccionista, Marques deve inclusive construir um laboratório de fertilização in vitro (FIV) na própria fazenda e trazer técnicos especializados para trabalhar no local. “Será um laboratório meu, trabalhando exclusivamente em função da fazenda. Deste modo eu terei condições de fazer uma FIV de qualidade e tirar bons animais”, explica o empresário, alegando que tomou esta decisão devido à carência de bons laboratórios na Bahia.

“Os criadores da Bahia têm tido um pouco de dificuldade com os laboratórios de FIV. Os resultados obtidos aqui estão ficando muito abaixo do esperado, o que vem gerando muita reclamação. Por isso eu vou montar um laboratório na minha fazenda, e, se não conseguir um técnico que me dê resultados na Bahia, vou chamar gente de fora para trabalhar para mim”, conta o criador.

AMBICIOSO, O FUNDADOR DO CHICLETE COM BANANA DIZ QUE A BAHIA PODE COMEÇAR A COMPETIR COM UBERABA PELA PRIMAZIA DO NELORE

Desde que começou no negócio, Marques é figurinha carimbada nos principais leilões do Brasil, comprando alguns dos melhores animais e formando um belo plantel, com nomes do calibre de Nalana VIII, ‘tia’ de Nalisha II FIV MPSI, vendida recentemente por R$ 2,8 milhões no Leilão Mata Velha. Porém, erra quem pensa que ela seja a estrela da companhia. A queridinha do pecuarista é Miragem IV, filha da Essência da Guadalupe, em quem aposta todas as suas fichas num futuro próximo.

Wilson Marques, por sua vez, prefere não revelar os investimentos feitos até o momento, mas é sabido que não foram nada modestos. De acordo com especialistas, só com os animais foram gastos algo em torno de R$ 2 milhões. Agora, ele quer começar a vender, mas nunca deixando as compras em segundo plano. “Neste negócio, você pode até vender seus animais, mas tem que repor o estoque. No momento eu não me considero um criador, eu sou um investidor”, diz o músico, consciente de que o retorno ainda deve demorar a vir. “Não existe nenhum investimento que demore menos de três anos para dar retorno. Nada dá retorno imediato, só a loteria”, brinca.

UM FENÔMENO CULTURAL: Chiclete com Banana é quase uma religião na Bahia

Mesmo assim, as chances de começar a ganhar dinheiro com o novo negócio são enormes, principalmente com os animais que estão por vir. Segundo Marques, sua nova geração está muito competitiva, por isso, deve ter um plantel “classe AA” nos próximos meses, fruto de cruzamentos entre suas principais matrizes com alguns dos melhores reprodutores do Brasil. Com animais de ponta nas mãos e muito marketing na cabeça, o empresário já pensa até em transformar a Bahia em um dos centros do nelore no Brasil. “Por que só Uberaba?”, pergunta-se. “Isso já aconteceu com o Chiclete com Banana. Fizemos sucesso em todo o Brasil sem sair da Bahia. Eu não quero nem vou sair daqui. Quero é formar um núcleo de nelore de respeito na Bahia, do mesmo nível dos outros grandes centros. Não podemos mais ficar em quinto plano. O nelore nasceu aqui”, completa.

Nicholas Vital, de Salvador