Está chegando ao fim mais um ano de grandes negócios na batida do martelo. A excelência genética em pista, as implacáveis disputas, a liquidez, os recordes de preço e a entrada de novos investidores no universo rural são indicativos de que o mercado segue aquecido. Como já é de praxe, a nelore – raça presente em mais de 80% do rebanho bovino brasileiro – liderou as vendas e impulsionou as cifras milionárias dos leilões. Para comemorar o bom desempenho obtido ao longo do ano, neloristas de todo o País vão se encontrar na Nelore Fest 2011, no dia 15 de dezembro, na casa de eventos Leopolldo Itaim, em São Paulo. O presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Felipe Picciani, fez uma análise da temporada.

Qual a avaliação dos leilões de nelore realizados em 2011?

Felipe Picciani – O balanço é muito positivo. Em linhas gerais, os leilões mantiveram as médias de valor em relação ao ano passado, mas em vários remates, principalmente naqueles promovidos por criatórios tradicionais e com oferta de material genético de alta qualidade, os valores superaram as expectativas. Mais uma vez, os leilões posicionaram o nelore não só como uma ótima opção para a condução de uma pecuária moderna, produtiva e sustentável, como também como uma excelente oportunidade de investimento. Um dos grandes destaques foi a liquidez dos produtos vendidos nos leilões e também diretamente nas propriedades. O mercado para touros PO selecionados, por exemplo, permanece bastante aquecido. Teve criador que esgotou o estoque de animais à venda no primeiro semestre do ano.

Qual o balanço dos leilões oficiais da ACNB? E quanto eles movimentaram?

Picciani – Neste ano, foram mais de 120 leilões oficializados pela ACNB, em dez Estados. O faturamento ficou acima de R$ 200 milhões, com um crescimento, em relação ao ano passado, próximo de 10%. No segundo semestre deste ano, iniciamos algumas parcerias com empresas do setor, visando a ampliação das contrapartidas oferecidas aos promotores dos Leilões Oficiais Nelore. O parceiro pioneiro foi o Canal Rural, que oferece desconto na contratação da transmissão ao vivo para o remate, faz a divulgação da agenda dos leilões oficiais na tevê e também através de e-mail-marketing. Essa é uma iniciativa de extrema importância para a ACNB e para o negócio como um todo. Os recursos arrecadados com os leilões oficiais são investidos pela entidade e suas associações regionais conveniadas, no fomento e na divulgação da raça.

Quantos novos criadores se tornaram sócios da entidade?

Picciani – Em 2011, a ACNB e suas associações regionais conveniadas conquistaram cerca de 260 novos sócios, muitos deles nos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais, Goiás, Rondônia, Mato Grosso e Mato Groso Sul. Este crescimento é fruto do trabalho que vem sendo feito pelas entidades conveniadas e, especialmente, em função do Programa de Qualidade Nelore Natural, em parceria com o Grupo Marfrig, que oferece uma premiação que pode chegar a até 4% sobre o valor da arroba.

 

“O trabalho de seleção feito por criadores e técnicos tem surtido efeito geração após geração”

Felipe Picciani – presidente da ACNB

Em 2010 e 2011, grifes de peso foram liquidadas. Qual o impacto dessas ofertas para o mercado?

Picciani – Todas as liquidações de plantel realizadas tiveram motivações específicas e pontuais. Praticamente não tivemos liquidações com o objetivo de desligamento da atividade ou da raça. Além disso, frequentemente temos tido o prazer de ver um companheiro que liquidou seu rebanho no passado retornar às compras, reestruturando seu rebanho.

O perfil dos animais levados aos leilões e pistas de julgamento tem se modificado?

Picciani – Sem dúvida o nelore tem evoluído muito rapidamente. O trabalho de seleção feito por criadores e técnicos tem surtido efeito geração após geração. Soma-se a isso o domínio e a utilização em larga escala das modernas tecnologias de multiplicação genética. Foi justamente o aumento da capacidade e da velocidade de multiplicação dos materiais genéticos disponíveis que permitiu a democratização da qualidade. Regularmente, os leilões têm ofertado a genética dos principais ícones da raça. E essa genética chega rapidamente às pistas de julgamento, motivando disputas cada vez mais acirradas nos campeonatos dos rankings nacional e regionais. Outro aspecto importante de se destacar são as ferramentas tecnológicas, como DEPs, avaliações de tipo e marcadores moleculares.Temos cada vez mais informações disponíveis para a análise e a tomada de decisões.

Qual o balanço do ano para o circuito de exposições?

Picciani – No ano-calendário 2010/2011 do ranking nacional da ACNB, tivemos um total de 142 exposições realizadas em 16 Estados e no Distrito Federal. Nessas exposições foram mostrados 26.909 animais de 320 expositores.

Qual a expectativa para a próxima temporada?

Picciani – A expectativa para 2012 é muito positiva porque as perspectivas para o preço do boi gordo continuam favoráveis. Estamos vivendo um período ascendente do ciclo pecuário. Não temos dúvidas de que a atividade pecuária continuará sendo uma ótima oportunidade de negócio.

 

 

Mercado de leilões em alta

A Programa Leilões, líder no mercado de remates rurais, celebra os resultados desta temporada

Qual a análise sobre o ano de 2011?

Paulo Horto – O mercado de leilões no Brasil vem buscando a sua maturidade. Em termos de crescimento, ainda temos muito que caminhar, pois o que se comercializa através de leilões está em torno de 30% da produção de genética.

Quais os principais fatores que impulsionam os negócios?

Horto – O DNA do nosso país é o agronegócio e esse é o fator primordial para o sucesso da pecuária. Se considerarmos que o nosso planeta atingiu a marca de 7 bilhões de habitantes, a importância do setor se torna maior e mais relevante a cada dia. Não apenas nós brasileiros, mas o mundo, hoje, tem consciência disso.

Além de pregões de elite, a Programa Leilões a cada ano amplia a quantidade de remates de produção e de corte. As vendas de reprodutores foram satisfatórias?

Horto – O mercado de reprodutores vem crescendo anualmente. Só em 2011 a Programa Leiloes comercializou em torno de 15 mil touros, 20% a mais em relação ao ano passado. Esse número, comparado ao de outras leiloeiras, é disparado a maior venda do ano. Mas ainda está longe de ser o ideal. O plantel brasileiro carece de touros melhoradores e os criadores precisam se conscientizar da importância de investir em animais avaliados geneticamente.

Qual é a expectativa para os leilões em 2012?

Horto – O mercado vem vivendo um momento de maturidade e exigindo cada vez mais qualidade. Investimentos em tecnologia e genética são fundamentais. Os melhores frutos colhidos em 2011 foram por aqueles que não abriram mão desses fundamentos. E assim será em 2012.