O ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa considerou nesta terça-feira, 16, que a economia brasileira poderá acelerar o crescimento nos dois primeiros anos do próximo governo sem pressão inflacionária. A avaliação é de que muitos investimentos estão sendo represados à espera das eleições de 2022.

“Os investimentos represados podem acelerar o crescimento em 2023 e 2024 sem criar pressão inflacionária”, disse Barbosa durante participação em fórum do Bradesco BBI. “Muitos empresários estão esperando a definição política para investir de novo”, complementou o economista.

Sua observação leva também em conta o potencial de produção do País, que, se ocupado, permitiria, em suas contas, um crescimento de 2%. A limitação para levar essa taxa a 3% estaria no fornecimento de energia, tendo em vista a redução nos níveis de reservatórios que restringe a geração de energia das hidrelétricas, obrigando o Brasil a acionar as usinas térmicas, de fornecimento mais caro.

“Se o Brasil crescer 3%, haverá uma restrição da oferta de energia. Então, a agenda de fornecimento de energia é muito importante.”

Barbosa fez durante o evento comentários tanto econômicos quanto políticos sobre as eleições de 2022. Ao falar de câmbio, disse acreditar na apreciação do real após o resultado da corrida ao Planalto dissipar parte das incertezas.

Ministro do Planejamento e da Fazenda no governo Dilma Rousseff, ele também traçou diferenças entre o presidente Jair Bolsonaro, cuja reeleição seria, em sua avaliação, uma “tragédia”, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado por Barbosa como um negociador político mais hábil, capaz de construir uma coalizão entre partidos para levar adiante a agenda do governo.

“Bolsonaro não quer ser presidente. Só quer ter bônus sem trabalho. Será uma tragédia se ele for reeleito”, disparou o ex-ministro, que projetou ainda durante o fórum crescimento econômico modesto no ano em que o atual chefe do Executivo tentará o segundo mandato. “Há um pouco de risco de recessão em 2022, mas acredito mais em um ano de crescimento baixo”, opinou.