O retorno do bônus de 10 anos do governo do Japão (JGB) rompeu o teto de 0,5% estabelecido pelo Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) menos de um mês atrás, no momento em que cresce a pressão para o banco central apertar sua política monetária.

Dados locais fortes de inflação nesta semana geraram especulações entre investidores de que o BoJ terá de se unir ao Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a outros bancos centrais para reverter seu programa de relaxamento, ao elevar de novo o teto dos retornos ou mesmo desistindo de vez da política de controle de curva de juros dos bônus.

Nesta sexta-feira (13) o juro do JGB de 10 anos tocou brevemente 0,545% na máxima na Ásia. Para conter isso, o BoJ levou ao mercado o equivalente a 1,8 trilhão de ienes em JGBs, com vencimentos de 1 a 25 anos, após comprar 4,6 trilhões de ienes em JGBs na quinta-feira, maior montante já adquirido na história em um dia pelo BoJ. No fim do dia de negócios asiático, o yield estava em 0,505%.

Em 20 de dezembro, o banco central surpreendeu com a decisão de alterar o teto da faixa para o juro do JGB de 10 anos, de 0,25% a 0,50%. O presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, tem repetido que isso não significa o início de um ciclo de aperto, mas muitos divergem.

Estrategista da Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities, Naomi Muguruma afirma que o BoJ pode ser forçado a adotar medidas na reunião da próxima semana, caso continuem os problemas no mercado. O conselho do banco central se reúne na terça-feira e na quarta-feira para sua decisão de política monetária.

Muguruma disse que, caso o BoJ tente conter a alta no juro do JGB de 10 anos, investidores fugiriam para outros vencimentos, puxando estes e provocando mais distorções na curva de retornos. Isso poderia dificultar mais o quadro para companhias que emitem bônus, pois os juros do JGB são usados como referência na precificação. Fonte: Dow Jones Newswires.