Equipes de resgate estimam em 30 pessoas ainda desaparecidas no grande deslizamento que atingiu a BR-376, em Guaratuba, no Paraná, no fim da tarde de segunda-feira, 28. Seis pessoas foram resgatadas com vida e, até a manhã desta quarta-feira, 30, dois corpos tinham sido retirados do local. As buscas foram retomadas, mas estão sendo prejudicadas pelas chuvas e terreno instável, com risco de novos deslizamentos.

Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco de Figueiredo Junior, o número de vítimas é estimado com base no total de veículos que ainda se encontra soterrado e em informações de familiares de possíveis vítimas. Foram feitos 19 contatos de parentes em busca de informações sobre os desaparecidos. “Retiramos três veículos menores e uma carreta dos escombros, mas ainda temos dez carros e seis carretas soterrados. Se fizermos a conta de duas pessoas por veículo, vamos chegar ao número em torno de 30”, disse.

Um dos corpos resgatados, que estava no interior de uma carreta, já foi identificado. O outro, achado ao lado de outra carreta, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba e aguarda identificação.

As equipes de resgate estão usando câmeras termais acopladas a um drone na tentativa de identificar focos de calor que poderiam ser de sobreviventes. Como a área está com risco de novos deslizamentos, ainda não se conseguiu usar guinchos para a remoção dos veículos enterrados na lama.

O governo paranaense lançou um apelo aos familiares e amigos de pessoas que eventualmente possam ter desaparecido no local para que entrem em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica pelo telefone (41) 3361 7242, que funciona 24 horas. As informações podem ajudar na localização de possíveis vítimas.

‘O morro inteiro veio abaixo’

O prefeito de Guaratuba, no litoral do Paraná, Roberto Justus (União), e seu motorista, Claudio Margarida, tiveram o carro atingido pelo deslizamento. Ele disse que nunca tinha visto tanta água e tanta lama morro abaixo às margens da rodovia, onde estavam parados, no início da noite de segunda-feira, 28. “A gente pressentia que algo pudesse acontecer”, disse.

“O morro inteiro veio abaixo de uma vez só, numa velocidade tão grande que não dá para reagir ou pensar absolutamente nada. Pus a mão no vidro, com a ideia de que poderia segurar, e aguentei a pancada muito forte, que jogou o carro para cima e aquela lama toda começou a nos erguer. Subiu, subiu, e depois deslizou para outra pista”, disse.

Segundo ele, o carro parou tombado com a porta do lado do motorista quase encostada no chão. “O Cláudio chutou o vidro da porta dele e saímos por debaixo do carro. Chovia demais na hora, e a gente via aquele lamaçal descendo”, recorda-se. “Saímos ilesos, ficou só a dor da pancada e o estado emocional bem abalado. Foi assustadora a situação. É aí que a gente percebe o milagre que recebeu. Não sei como estou aqui”, contou.