Neto de italianos e filho de brasileiros, o agrônomo e doutor em economia rural, José Graziano da Silva, foi reeleito, no início do mês passado, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a mais importante instituição mundial destinada à formulação e execução de políticas de combate à fome. Aos 67 anos, 30 deles dedicados ao conhecimento das questões relacionadas à segurança alimentar e ao desenvolvimento rural, Graziano, como é conhecido, foi escolhido quase que por unanimidade ao cargo máximo da FAO. Foram 177 votos de um total de 182 delegações presentes à conferência, realizada em Roma. Como desafio para os próximos quatro anos, Graziano terá a tarefa de administrar a quantia de US$ 1 bilhão para combater a fome no mundo. “A reeleição de Graziano comprova suas sólidas credenciais e importante contribuição para as políticas de combate à pobreza”, disse a presidente Dilma Rousseff, em comunicado oficial. “Recebo com enorme satisfação a decisão dos países membro”.

Graças a um sólido currículo profissional, Graziano chegou e se manteve no cargo máximo da FAO. Entre seus feitos está a implementação do programa Fome Zero no Brasil, em 2003, no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando ocupou o cargo de ministro extraordinário de segurança alimentar. O programa, centrado na erradicação da fome e na inclusão social, conectando as políticas macroeconômicas, sociais e industriais, acelerou o progresso na redução da fome. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil conseguiu reduzir pela metade a porcentagem de sua população que sofre com a desnutrição. Com o Fome Zero, o País alcançou finalmente a meta estabelecida pela Cúpula Mundial da Alimentação e cumpriu o primeiro objetivo de Desenvolvimento do Milênio, compromissos assinados em 1996. “Nosso principal desafio ainda continua sendo acabar com a fome e a má nutrição em todo o mundo”, diz Graziano.

No comando da FAO desde 2012, Graziano colocou a organização para trabalhar com foco na sustentabilidade e na segurança alimentar. Nesse sentido, ele tem apoiado ativamente a ideia de implantar o programa Fome Zero  em outras partes do mundo. Cacife, Graziano tem de sobra. Além de ocupar o cargo máximo na FAO, junto à União Africana, o economista foi fundamental em 2013, durante um encontro realizado na Etiópia, para garantir o compromisso político dos líderes da região com a erradicação da fome até 2025. Segundo ele, em seu novo mandato o foco continuará na erradicação da fome no mundo e no desenvolvimento rural sustentável, incentivando a agricultura familiar. “Com o crescimento do campo, principalmente dos pequenos produtores, todos ganham. Por isso, farei o possível nos próximos quatro anos para cumprir essas metas”, disse Graziano.