O navio-plataforma Anita Garibaldi deixa na quarta-feira, 26, o estaleiro Jurong, em Aracruz, no Espírito Santo, em direção ao campo de Marlim, na bacia de Campos, onde começará a ser interligado a 43 poços, que antes produziam por meio de cinco plataformas. A substituição das unidades antigas vai reduzir pela metade as emissões de gases efeito estufa (GEE) do campo, informa o gerente de unidades afretadas na fase de projeto da Petrobras, Carlos Romeiro.

Junto com outra unidade, Ana Nery, que já está no local e vai substituir quatro plataformas, Marlim vai produzir 150 mil barris de petróleo por dia (bpd) já a partir do início do segundo semestre deste ano.

As duas plataformas integram o programa da Petrobras de revitalização da bacia de Campos, maior projeto de revitalização da indústria offshore mundial, segundo a Petrobras. A região, descoberta na década de 1980, já foi a principal bacia produtora da estatal, mas perdeu espaço para os gigantes reservatórios do pré-sal, cuja descoberta coincidiu com o início do declínio da produção da bacia.

A bacia de Campos passa no momento por um intenso e bilionário processo de descomissionamento (desmontagem) de estruturas antigas, para tentar elevar a produção dos campos maduros. Cerca de 100 poços produtores serão interligados às novas unidades nos próximos cinco anos. Além de Anita Garibaldi e Ana Nery, a terceira unidade prevista é o navio-plataforma Maria Quitéria, no campo de Jubarte, no complexo do Parque das Baleias, na porção capixaba da bacia de Campos, com capacidade de 100 mil bpd de petróleo.

A previsão é de que a produção na bacia de Campos atinja 900 mil boe/d em 2027, três vezes mais do que seria possível se a estatal não substituísse os antigos sistemas por novos.

De propriedade da Modec, a FPSO Anita Garibaldi (sigla em inglês para plataforma com capacidade de Flutuação, Produção, Armazenamento e Transferência) foi afretada por 25 anos pela Petrobras. Também vai adicionar ao mercado 7 milhões de metros cúbicos de gás natural, que serão escoados por gasoduto.

Já o óleo contará com a transferência para navios aliviadores, que se aproximam da plataforma para receber o petróleo. O projeto foi iniciado em outubro de 2019 e teve atraso de pelo menos seis meses, por causa da pandemia do covid-19, que limitou atividades com grande concentração de trabalhadores. A unidade será rebocada até a bacia de Campos, já que na conversão do navio petroleiro em navio-plataforma são retirados o leme e o poder de propulsão.

A construção da unidade partiu de um navio-petroleiro que foi adaptado pela Modec. Terá capacidade de armazenar 1,6 milhão de barris de petróleo, com produção diária de 80 mil barris. A conversão e a integração da FPSO Anita Garibaldi foi feita na China, e o comissionamento – ou fase de testes – no estaleiro Jurong, no Brasil. Marlim faz parte dos campos do chamado “bid zero”, que ficaram de fora das licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) após a abertura do mercado em 1997. “Como é do bid zero, Marlim não tem exigência de conteúdo local”, explica. Romeiro.

No Plano Estratégico da Petrobras para o período 2023-2027, a previsão é de que a companhia invista US$ 18 bilhões na revitalização da bacia de Campos, com ambição de acrescentar um volume de 20 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás) às suas reservas até 2030, sendo 5 bilhões decorrentes dos ativos operados pela Petrobras na bacia.