“O País tem capacidade de tirar do campo 300 milhões de toneladas de grãos”

Narciso Barison Neto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem)

 

As sementes destinadas às culturas para a alimentação humana e animal são a base da agricultura e a fonte do agronegócio. Por isso, é essencial reforçar a importância da certificação, tecnologia e qualidade dessas sementes, um setor do agronegócio que no ano passado movimentou R$ 192 bilhões. O mercado de sementes no Brasil, até aqui, cresceu de forma ordenada, principalmente com o advento dos produtos geneticamente modificados e com a conscientização dos produtores em usar apenas sementes legais. Essas sementes de qualidade contribuíram para que a produção brasileira de grãos chegasse a 160 milhões de toneladas. Se, porém, fossem aplicadas no campo todas as tecnologias hoje disponíveis aos produtores e que ainda não são utilizadas, o País teria a capacidade de tirar do campo 30 0 milhões de toneladas de grãos a cada ano. Está aí a chave para o Brasil passar do segundo posto para o primeiro posto de maior fornecedor de alimentos no planeta.

BOA GERMINAÇÃO: as sementes de qualidade contribuíram para o País cultivar 160 milhões de toneladas de grãos

O papel da agricultura nacional mudou nas últimas décadas. Com a população mundial na marca dos sete bilhões de pessoas – e perspectivas de mais crescimento -, o Brasil passou a ser visto como alternativa viável de produção agrícola em maior escala, e rapidamente. Aqui cabe um aparte. Em 1960, a população mundial girava em torno de três bilhões de habitantes e cada hectare de terra, que é equivalente a um campo de futebol, precisava gerar comida para duas pessoas. Hoje, essa demanda dobrou. Até 2025, cada hectare de terra terá que gerar comida suficiente para mais de cinco pessoas. O Brasil é visto como a esperança mundial porque o crescimento de sua agricultura tem sido tão espetacular, tão grandioso, que o mesmo agricultor que antes produzia o suficiente para alimentar 16 pessoas, agora consegue alimentar mais de 155 pessoas. Ou seja, atualmente, cada agricultor brasileiro produz dez vezes mais que na década de 1960.

Há pouco mais de duas décadas, em 1990, por exemplo, o Brasil produzia 58 milhões de toneladas de grãos, em 38 milhões de hectares de terras. Em 2010, foram 155 milhões de toneladas em 49 milhões de hectares. Isso significa que a produção cresceu 167%, enquanto a área cresceu apenas 30%. Esse avanço foi fruto da biotecnologia e das modernas técnicas agrícolas, entre elas o uso da semente transgênica. Está provado no campo que a semente transgênica tem garantido melhores resultados e dado tranquilidade ao agricultor no controle de insetos e pragas, que antes precisava de uma alta quantidade de agroquímicos para manter as lavouras em produção. Considerando apenas as variedades transgênicas já aprovadas até hoje no Brasil, os produtores deixarão de despejar no campo mais de 146 mil toneladas de defensivos agrícolas, nos próximos dez anos. Isso representa não queimar combustível suficiente para abastecer 465 mil veículos a diesel e reduzir as emissões de CO2. Ao contrário do que muitos ambientalistas sem conhecimento de causa têm pregado, a semente transgênica, por causa de sua genética, é a responsável pela agricultura que preserva o meio ambiente e dá sustentação ecológica para o planeta.

Hoje, a maioria das seis milhões de famílias de agricultores do País tem consciência da importância do uso de semente legal e sabe que a procedência é a única opção para garantir os altos resultados de produtividade. Apenas uma parcela desses agricultores ainda utiliza sementes piratas, que trazem riscos sanitários gravíssimos ao País. O maior deles é a introdução de novas pragas às lavouras, comprometendo a produtividade no campo. As sementes mudaram, evoluíram e, com elas, o campo se transformou em um cartão de visitas para o Brasil. Resta, agora, zerar essa conta dos agricultores que ainda plantam sementes de procedência ilegal.