Clóvis Almeida é um daqueles empresários que em meio às crises sempre enxergam uma oportunidade. Até o início da década de 1990 ele era apenas mais um dono de sorveteria em Goiânia (GO). Isso até chegar o Plano Collor, que confiscou o dinheiro da poupança e levou o capital de giro de Almeida. Sem recursos no banco, o jeito foi improvisar. Em vez das tradicionais matérias- primas como chocolate, flocos ou creme, ele saiu à cata de frutas abundantes em sua região.Dessa forma o cardápio passou a oferecer sabores como brejaúba, buriti, mangaba, cajamanga, entre outros.

30 mil unidades a quantidade de sorvetes vendidos por dia nas 104 franquias da empresa

Frutas típicas do Cerrado e que ainda são desconhecidas de grande parte dos brasileiros. O gosto exótico agradou e assim nasceu a rede de sorveterias Frutos do Cerrado. O fato é que a marca já conta com 104 franquias espalhadas por 11 Estados, que vendem cerca de 30 mil sorvetes por dia. “Mostramos que as frutas podem ser muito valiosas”, diz. Por ano, a empresa processa 365 toneladas de frutas, de mais de 50 sabores. Para manter o abastecimento constante de uma matéria-prima que não é produzida em larga escala e só é conseguida com atividade extrativista, a sorveteria criou uma rede de fornecimento com a participação de vários pequenos produtores. “Apresentamos um modelo rentável de produção de frutas”, explica o filho de Clóvis e hoje gestor da Frutos do Cerrado, Ismael Alves Almeida. Uma das estratégias para fomentar o plantio e a manutenção dessas árvores frutíferas é garantir a compra de toda a produção. “Compramos 100% das nossas necessidades”, conta Almeida, que se responsabiliza pela colheita e pelo transporte da produção. “Nosso crescimento depende da maior oferta dessa matéria-prima”, ressalta.