Há algum tempo os fazendeiros norte-americanos começaram a clonar seus melhores animais. Gado de corte, vacas leiteiras, porcos, frangos, todos da melhor qualidade, podiam ser reproduzidos quantas vezes fosse preciso. O custo era alto, mas os resultados, garantidos, com uma produção igual ou até superior à do original. Tudo muito bom, exceto a opinião pública, que, literalmente, nunca engoliu esta história, tecnicamente obscura, de clonagem.

Muito se fala sobre o assunto, mas a verdade é que ainda existem poucas conclusões. Até nos Estados Unidos, onde as exigências sanitárias são extremamente rígidas, não há um consenso. A Food and Drug Administration (FDA), agência que regulamenta os alimentos e os medicamentos vendidos nos EUA, nunca aprovou a venda de subprodutos de animais clonados. Mas, por outro lado, também nunca os proibiu.

O delicado tema segue em análise e o veredicto final, que deveria sair no final de 2007, não vai mais sair. De acordo com a FDA, não há um prazo estimado para que as pesquisas sejam concluídas e uma posição final seja tomada. Para os defensores dos clones, a decisão ainda está longe de sair, não por problemas com os animais, mas sim por questões políticas, uma vez que a maioria da população norte-americana é contra o uso dos produtos clonados.

Os fazendeiros se defendem, alegando que a decisão deveria partir do consumidor, que escolheria se quer ou não ingerir um produto fruto de clonagem. Eles garantem que a tecnologia é segura e que não há qualquer problema com a carne ou leite clonados. Outro argumento é o de que seria um grande desperdício eliminar todos os animais já clonados, ainda mais sendo comprovadamente eficientes.

A verdade é que os “alimentos clonados” têm exatamente as mesmas propriedades e sabor dos provenientes de animais “normais”; portanto, não fazem mal à saúde – o que dá uma certa razão aos produtores, que seguem confiantes na liberação. Eles alegam ainda que os clones poderiam revolucionar a alimentação no mundo, com uma produção muito mais eficiente de carne e leite.

Clonar um animal, no entanto, ainda é muito caro. Nos Estados Unidos custa em média US$ 17 mil (este valor cai se forem feitas mais cópias), mas o resultado é garantido, pois o animal terá exatamente as mesmas qualidades de seu original. Já na concepção natural, as chances de ter um filhote com as mesmas qualidades dos pais giram em torno de 5% a 10% nas fêmeas e não passam de 50% entre os machos.

Enquanto a liberação não vem, os animais clonados seguem ganhando concursos nos Estados Unidos, mas continuam sem qualquer valor comercial. Ainda “ilegais”, não despertam o interesse dos fazendeiros mais conservadores, que nem sequer sabem quando poderiam vender seus subprodutos. Mas, desde já, uma coisa é certa: o negócio, quando liberado, poderá ser muito bom.

Nicholas Vital