01/02/2011 - 0:00
Bom negócio: os ovos ganharam preço e aumentou a demanda por galinhas exóticas, como a polonesa camurça
Certa manhã, um fazendeiro descobriu que a sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa e mostrou-o à mulher: “Veja, estamos ricos.” O fazendeiro levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço. No outro dia, a galinha tinha posto mais um ovo de ouro e, de novo, o fazendeiro foi ao mercado e vendeu o ovo por um preço ainda melhor. E assim aconteceu durante muitos e muitos dias. A fábula da galinha dos ovos de ouro faz parte do imaginário infantil de muitas gerações. No entanto, em Porto Ferreira, cidade distante 220 quilômetros de São Paulo, um produtor rural conseguiu transformar este conto em parte de sua rotina diária de negócios. Mário Salviatto pode ser considerado o fazendeiro dos ovos de ouro. Com a ajuda da internet e dos Correios, ele transformou uma dúzia de ovos de galinha de R$ 3,50 em uma dúzia de ovos de R$ 18. Mas, diferentemente daquele fazendeiro da fábula, que matou a galinha acreditando que dentro dela havia um tesouro, Salviatto incrementou o negócio e multiplicou os lucros, driblando um dos maiores problemas do agronegócio: a logística. “Eu sempre gostei de aves, sempre usei a internet e sempre recebi encomendas pelos Correios com segurança.
Então pensei: por que não?”, diz o produtor, que há quatro anos começou este negócio.
Bolha protetora: um a um, os ovos são embalados e acondicionados em caixas de isopor para seguir ao seu destino
Com a nova forma de comercialização ele agregou valor aos ovos e à sua criação de galinhas das raças conchinchina, new hampshire, brahma, índio gigante, orpigton, legornes, polonesas e cara de palhaço, entre outras exóticas. “Elas não são encontradas facilmente. Por isso, o interesse foi grande”, explica. Para despachar a produção, Mário Salviatto embala os ovos cuidadosamente um a um em plástico bolha e os acondiciona em uma caixa de isopor, forrada com serragem e jornal. “Raramente temos problemas com quebras. Em quatro anos, se dez ovos se quebraram, foi muito.” Uma dúzia de ovos enviada para um local distante pode chegar a custar R$ 100 para o comprador, que paga o frete e a embalagem. Salviatto já vendeu numa só remessa 40 dúzias para um criador paulista e duas dúzias para um criador indígena. “Quando ele me passou o endereço, achei estranho, pois era uma tribo na Amazônia.” O único risco em despachar a produção pelo Sedex é que, ao passar pelo aparelho de raio X dos Correios, pode ocorrer a inviabilidade do embrião na choca. “O embrião corre risco sim, mas os resultados são satisfatórios.”
Sêmen express
A CRV Lagoa da Serra, empresa de genética bovina, de Sertãozinho (SP), também usa os Correios para transportar sêmen de boi. Gerson Sanches, gerente de logística, diz que 90% das remessas são enviadas desta forma. O sêmen não corre o risco de ser inutilizado pelo raio-x, pois vai em botijões de nitrogênio. Por ano, cinco mil envios são feitos pelo Sedex.
Correspondência legal
Os Correios possuem uma legislação específica e só autorizam o transporte de animais vivos admitidos conforme convenção internacional
Criaturas vivas como abelhas, sanguessugas, parasitas, bicho-da-seda e predadores de insetos nocivos para pesquisa são permitidos, desde que sejam remetidos por instituições reconhecidas.
É proibido transportar outros animais vivos, plantas, animais mortos ou suas cinzas. A infração pode implicar multas que variam de R$ 1 mil a 100 mil e até prisão.