“O agronegócio brasileiro deve amadurecer para se tornar competitivo globalmente”

Leonardo Sá, Diretor da Prodap – Projetos de Gestão com experiência em implementação de Sistema de Gestão em empresas do agronegócio

Atualmente, o ambiente de negócios exige agilidade para mudanças de empresas de diversos setores. Durante décadas, o setor primário no Brasil teve como principal característica a alta margem de seus produtos, o crédito fácil e a elevada valorização patrimonial que, em um ambiente de baixa competição, levaram ao “comodismo produtivo”. A liderança nas exportações de suco de laranja, carne bovina e frango deve se manter, enquanto a carne suína, hoje em quarto lugar no ranking mundial, deverá melhorar. Outra posição de destaque do Brasil é na exportação de soja em grão. Somos o segundo maior exportador do mundo. Segundo dados da Embrapa, entre 1990 a 2005, a taxa anual média de crescimento das exportações do grão foi de 14,82%, do óleo de soja 8,6% e do farelo, 3,16%. Esse aumento ocorreu a partir de 1996 e foi resultado da Lei Kandir, que desonerou de ICMS as exportações de bens primários, a fim de trazer mais receita para uma balança comercial na época deficitária.

Após a estabilização da economia, observou-se um contexto de turbulência nos preços das commodities, com constante redução nas margens operacionais. Diante de tais transformações, os produtores tiveram de reagir e se integrar a uma cadeia de suprimentos e de negócios, sendo cada vez mais desafiados a buscar eficiência.

Estudos da FAO e da ONU indicam que a população mundial chegará a nove bilhões de habitantes em 2050, o que, aliado a uma melhor distribuição de renda, aponta uma previsão de um crescimento da demanda de alimentos em 70%. Mercados como a Ásia e a África, por exemplo, serão grandes geradores de demanda para o agronegócio. A alta no preço das commodities nos leva a questionar de onde virá o crescimento na produção de alimentos para atender à crescente demanda? Com o potencial de mais de 90 milhões de hectares agricultáveis, o Brasil se destaca como principal player do agronegócio.

Hoje, o Brasil utiliza 44 milhões de hectares agricultáveis, o equivalente a 5% de sua área total, mas pode usar mais 177 milhões de hectares de pastagem. Contudo, o setor primário possui vários desafios que comprometem a produtividade. Em outras palavras, a gestão das propriedades rurais ainda carece de desenvolvimentos de ferramentas mais adequadas às suas especificidades. Embora existam empresas do setor com nível de maturidade gerencial elevado, isto é, com alta capacidade para entregar resultados eficientes e sustentáveis, baseados no uso de métodos de gestão avançados.

 

 

Tecnologia: a experiência mostra que sistemas de gestão em empresas rurais geram alto retorno sobre o investimento

Assim como na indústria, para que uma fazenda busque sua máxima eficiência operacional, para redução do custo e ampliação de suas margens de lucro, é preciso que se aprenda a gerenciar seus processos, desdobrados a partir de um planejamento estratégico e do resultado financeiro global. E, uma vez implementado esse sistema, é possível desenvolver profissionais altamente capacitados e não disponíveis no mercado, que combinam conhecimento do negócio e habilidade gerencial.

Não há dúvidas de que um sistema de gestão para eficiência operacional prevalece como diferencial competitivo nas empresas do agronegócio. Ao contrário do que se imagina, a experiência mostra que implantar um sistema de gestão em empresas rurais é um processo com alto retorno sobre o investimento. O agronegócio no Brasil precisa entrar numa fase de maturidade, em que os mais eficientes, independentemente do seu porte, evoluirão rapidamente e se tornarão competitivos no cenário globalizado.