22/12/2014 - 15:18
Quando começou a atuar no Brasil, em 2003, a holandesa DSM, uma gigante mundial que fatura cerca de US$ 13 bilhões com a venda de ingredientes para as indústrias de alimentos, de rações, farmacêuticas e de cuidados pessoais, passou a deter no País um pequeno nicho de mercado. Naquela época, por US$ 2,2 bilhões, a DSM comprou a divisão mundial de vitaminas e químicos da suíça Roche. Mas, no País, o negócio compreendia apenas os segmentos de nutrição de aves e suínos, o que era muito pouco para o apetite holandês. Uma década depois a DSM, finalmente, conseguiu dar sua grande tacada no agronegócio brasileiro. Por US$ 600 milhões, comprou a Tortuga, com sede na capital paulista, uma das mais importantes companhias nacionais de nutrição animal, fundada pelo agrônomo italiano Fabiano Fabiani em 1954. “No Brasil também nos tornamos uma das principais fornecedoras de alimentos para bovinos de carne e leite”, diz o veterinário Antonio Ruy Freire, presidente da DSM – Tortuga, que se sagrou a vencedora no setor Nutrição Animal no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014.
Com portfólio e a marca Tortuga, a companhia passou a obter uma receita de cerca de R$ 1 bilhão no País, valor equivalente a 5% de sua receita global. As duas fábricas em atividade, uma em Mairinque (SP) e outra em Pecém (CE), são capazes de processar um milhão de toneladas de rações e suplementos minerais por ano. “Queremos mais, porque há mercado para nossos produtos”, afirma Freire. O executivo, que também responde por todas as operações da DSM – Tortuga na América Latina, diz que até 2018 o plano para a região é faturar US$ 100 milhões, sem contar o Brasil.
“Atualmente, a empresa fatura US$ 30 milhões nos demais países da América Latina.” Para sustentar o projeto holandês serão investidos nos próximos três anos US$ 6 milhões visando os mercados de Argentina, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Peru, Uruguai e Venezuela, onde já existem fábricas da empresa.
Mas o plano mais ambicioso acontece mesmo no Brasil. Entre 2013 e 2015, a DSM – Tortuga está investindo US$ 65 milhões. Desse total, US$ 53 milhões já foram gastos, tanto na unidade de São Paulo como na do Ceará. Entre as melhorias estão o aumento da capacidade produtiva e a modernização dos processos de segurança e de saúde aos trabalhadores, além do atendimento às normas de meio ambiente. No próximo ano, a meta é investir os demais US$ 12 milhões a fim de dobrar a capacidade da unidade de Mairinque para produzir suplementos minerais.
Segundo o presidente da DSM – Tortuga, as expectativas em relação ao desempenho para todo o ano de 2014, que ainda não foi consolidado, vão se mostrar bastante positivas. Para todo o mercado, a previsão é fechar o ano com a venda de 64,6 milhões de toneladas de produtos para nutrição animal, 3% acima de 2013. Freire não revela o volume de produtos vendidos, mas afirma que o crescimento deve ser na ordem de dois dígitos, podendo chegar a 20%. “Isso reflete o resultado de confiança por parte de nossos clientes em nossos produtos, fazendo com que eles comprem cada vez mais”, diz Freire.
Para Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o crescimento do setor em 2014 foi impulsionado pelo mercado de gado leiteiro e aves.
“No caso da pecuária leiteira, o aumento da demanda ocorre desde o ano passado, em função dos bons preços do leite pagos ao produtor”, diz Zani. “Para a avicultura, como o custo da ração é o que mais pesa no custo de produção, os baixos valores proporcionaram maiores compras tanto para o corte como para a produção de ovos.”