12/03/2019 - 12:27
Três anos marcam a história de vida de Lourenço Miguel Campo, 56 anos, como os mais importantes de sua trajetória profissional: 1977, 1986 e 1997. Formado em Contabilidade e em Administração de Empresas, ele não exerce nenhuma dessas profissões. Campo construiu toda a sua carreira como leileiro rural e é, hoje, no setor do agronegócio, um dos mais respeitados profissionais do martelo, como são chamados os leiloeiros. Em 1977 – o primeiro ano da trilogia -, Lourenço Campo começou a trabalhar na Programa Leilões, ainda na época de seu fundador, o criador de gado nelore e cafeicultor Sérgio Toledo Piza, no município paulista de Pirajuí. Na época, ele era um garoto de apenas 15 anos, que atuava como uma espécie de “faz tudo”. A Programa foi uma das primeiras empresas a promover leilões de gado no Estado de São Paulo. No ano de 1986, Campo se tornou sócio da Programa Leilões, outro episódio marcante da sua vida e da sua carreira. Até que, em 1997, o último ano da trilogia, ele fundou sua própria empresa, a Central Leilões, no município de Araçatuba (SP).
Hoje, Campo está à frente da organização de cerca de 150 leilões por ano, com forte atuação no comércio de touros. Em virtude desse trabalho, Lourenço Miguel Campo é o homenageado na categoria Leilões, em Destaques da Pecuária, do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. “Fiz o caminho certo, quando decidi abrir minha empresa com foco em animais de produção”, afirma Campo. “Mesmo porque, já havia grandes leiloeiras com mais competência para vender gado de elite.” Não por acaso, Campo voltou a se aproximar da Programa Leilões em 2002, quando sua empresa, a Central, se tornou sócia do empresário Paulo Horto, seu atual diretor.
Não há dados confiáveis de quantos remates são promovidos por ano, no Brasil, com oferta de gado comercial, destinado ao abate, mais os de produção, genética, elite, leiteiros, além de outras espécies, como equinos, ovinos e caprinos. A estimativa do Sindicato dos Leiloeiros, que possui 120 profissionais associados, é de que há cerca de 100 empresas que atuam no setor e estão presentes na maior parte das regiões produtoras e polos de gado de qualidade.
Segundo Lourenço Campo, todo o setor passa por um momento de transformação. Sobretudo, em relação ao mundo digital. “Temos bem claro que o investimento no comércio digital é necessário para o nosso negócio”, destaca. Além disso, ele também ressalta a importância de marcar presença em grandes eventos do setor, Brasil afora. “É preciso entender cada região e o gado destinado a ela, porque o nosso País é imenso e tem diversos perfis pecuários, cada um com suas especificidades”, explica o empresário e leiloeiro.
Atualmente, o maior desafio da Central Leilões é se estabelecer na região dos Paiaguás, no Pantanal sul-mato-grossense, no município de Coxim. Campo está levando para a região um projeto para comercializar 60 mil bovinos de corte e até mil touros por ano. “Leilão é um modelo de comércio que sinaliza preço para o mercado, não importa em que modelo”, diz. “As novas gerações de leiloeiros rurais estão chegando para mostrar que o futuro desse tipo de negócio é sustentável”, ele conclui, com a experiência e a sabedoria de quem dedicou a vida inteira a bater o martelo.