Apesar da crise econômica de 2008, do excesso de chuvas em 2009 e da seca em 2010, a indústria sucroalcooleira mantém os investimentos em expansão. A Raízen, joint venture formada em fevereiro deste ano, entre a Shell e a Cosan, é um exemplo da disposição do setor em crescer rapidamente. A união das duas empresas criou um gigante do setor, líder absoluta do mercado nacional de açúcar e álcool, seguida pela francesa Louis Dreyfus. Agora, ela anuncia que não quer pouco. A empresa pretende aumentar em cerca de 80% sua capacidade de moagem de cana-de-açúcar, passando dos atuais 62 milhões de toneladas para 100 milhões de toneladas até a safra de 2016/2017. Segundo Pedro Mizutani, vice-presidente executivo para Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen, a empresa investirá R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos. O montante de recursos servirá para aumentar a moagem de cana-deaçúcar de suas 24 usinas, das quais apenas duas estão fora do Estado de São Paulo, uma em Goiás e outra em Mato Grosso do Sul. Os R$ 5 bilhões em investimentos garantirão que 70 milhões de toneladas de cana sejam processadas, medida que reduzirá a zero a ociosidade do parque industrial já instalado.

Meta: aumentar em 80% a capacidade de produção e processar 100 milhões de toneladas de canade- açúcar na safra 2016/2017

Os esforços para ganhar ritmo o mais rapidamente possível já deverão aparecer nesta safra agrícola. Em 2011/2012, a previsão da Raízen para o conjunto de suas usinas é processar 58 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Apesar do volume, abaixo da capacidade instalada, ele representará um avanço de 7% comparado ao processado pela empresa em 2010. “O plano para quase dobrar a capacidade de moagem foi elaborado com bastante clareza”, diz Mizutani. “Dividiremos os R$ 5 bilhões previstos em parcelas de R$ 1 bilhão por ano a serem aplicados em nossas unidades.” De acordo com Mizutani, o início da atividade da usina de Araraquara (SP), que foi adquirida no ano passado, a evolução das operações da unidade de Jataí (GO) e de Caarapó (MS), inauguradas em 2010 e a ampliação da moagem nas outras 21 usinas, garantirão a meta dos 70 milhões de toneladas. A usina de Jataí tem capacidade de moer até 4 milhões de toneladas de cana-deaçúcar por safra. Mas, para a safra 2011/12, a unidade ainda deve moer 2,8 milhões de toneladas. Na unidade sul-matogrossense a previsão é processar durante a safra 2,5 milhões de toneladas, mas a meta é alcançar os 5 milhões de toneladas.

Mizutani: as operações nas usinas de Araraquara, Jataí e Caarapó impulsionaram o avanço de 7% em 2011

Para obter os outros 30 milhões de toneladas de cana, que completam os 100 milhões almejados, Mizutani diz que a empresa estuda dois caminhos. O primeiro seria adquirir mais usinas e investir no aumento de suas capacidades. Outra possibilidade de crescimento da Raízen é desengavetar quatro projetos já aprovados, que foram herdados da Cosan. Um deles é a construção de outras duas usinas próximas a Jataí, no polo de Goiás, uma no município de Montividiu e outra em Paranaúna. Mais duas usinas estão projetadas, uma em Naviraí (MS) e outra em Prata (MG). “Aguardamos o momento adequado para tirá-las do papel”, diz Mizutani.

O volume total de cana-de-açúcar que será processado nesta safra 2010-2011 pela Raízen deve garantir 4,4 milhões de toneladas de açúcar e 2,2 bilhões de litros de etanol, este será destinado ao mercado nacional e internacional. Também vão ser gerados 2,3 mil gigawatts-hora de energia elétrica, a partir da biomassa da canade- açúcar. A Raízen nasceu como uma das cinco maiores empresas do setor no Brasil, em faturamento, com valor estimado em R$ 20 bilhões.