Com a chegada das primeiras chuvas nos meses de setembro e outubro, está dada a largada para um dos períodos de maior atividade dentro das fazendas que se dedicam a produzir carne, o da reprodução do rebanho, que pode ser por meio de touros ou da inseminação artificial (IA). Para as empresas que vendem sêmen no País, essa é a melhor época do ano. O crescimento do uso de genética mais apurada, principalmente de animais testados nos programas de melhoramento que se encontram nas centrais de inseminação, tem elevado a taxa de IA.

Das últimas cinco safras pecuárias, em apenas um ano o crescimento da venda de sêmen ficou abaixo de 15%. No ano passado, o mercado absorveu sete milhões de doses de raças para carne, de um total de 11,9 milhões – incluindo gado de leite –, ante seis milhões de doses de sêmen vendidas em 2010. Comparado a 2007, o crescimento do uso de sêmen na vacada comercial destinada a produzir bezerros foi de 105%. Naquele ano, as vendas totalizaram 3,8 milhões de doses, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), entidade que monitora esse mercado, cujos associados representam mais de 90% do comércio no País. Caso o comércio de sémen fique no mesmo patamar do ano passado, esse segmento, estimado em R$ 400 milhões por ano, deve ultrapassar oito milhões de doses em 2012. A comparação das vendas do primeiro semestre deste ano, com o mesmo período de 2011, mostra que é possível. Segundo a Asbia, entre janeiro e junho foram vendidas 2,4 milhões de doses, contra dois milhões no ano passado, uma evolução de 20%.

Para Sérgio Saud, diretor da CRI Genética Brasil, de São Carlos (SP), o momento é de esperar pelo melhor. No ano passado, a empresa teve um crescimento de 36,7% na comercialização de doses de sêmen, em comparação com 2010. Para ele, neste ano, o comércio de sêmen deve se manter em ritmo acelerado até dezembro, a despeito da desvalorização de 6,3% da arroba do boi gordo em Mato Grosso nos últimos meses, principal mercado do País. “A vendas devem permanecer aquecidas porque a IA é a técnica mais barata e ao alcance do pecuarista para que ele melhore a performance do rebanho.”

Além de Mato Grosso, outras praças importantes de pecuária de corte, como o Mato Grosso do Sul e o Pará, possuem atividades de cria intensa, têm contribuído para ampliar as vendas. Do total de sêmen vendido no primeiro semestre do ano, os três Estados responderam por 907 mil doses, quase 40% do mercado. “Essas regiões focadas na eficiência e rentabilidade, hoje, representam mais de 80% de nossas vendas”, diz Márcio Nery, diretor-geral da ABS Pecplan, empresa de capital inglês, uma das maiores do mundo em tecnologia de reprodução.

A ABS Pecplan tem vendido sêmen de touros provados em progra mas de melhoramento e também identificado aqueles mais eficientes para serem usados por pecuaristas que implantaram em suas fazendas a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), técnica de sincronização dos cios das fêmeas para que todo o trabalho de enxerto do sémen seja realizado em um curto espaço de tempo. “Agora, estamos explorando a nova fronteira de avaliações que é a da Eficiência Alimentar e Índices Econômicos”, diz Nery. O programa para identificar os animais de melhor desempenho, a partir da qualidade e quantidade da comida ingerida, acontece desde o ano passado, em parceria com o Rancho da Matinha, de Uberaba, do criador Luciano Borges.

Para Everardo de Carvalho, diretor-geral da Alta Genetics, também de Uberaba, a IATF, de fato, tem feito a diferença. “A técnica tem ajudado a impulsionar as vendas, porque vem se tornando uma ferramenta cada vez mais simples”, diz Carvalho. Em 2011, com três milhões de doses vendidas, a Alta Genetics foi a empresa que mais comercializou sêmen no País. “Para este ano, estamos trabalhando com a previsão de 20% de aumento.”

Segundo Antonino Bosco, gerente comercial da CRV Lagoa, de Sertãozinho (SP), o custo de R$ 15 pela dose de sêmen tem ajudado na decisão em inseminar em larga escala. “Fica fácil emprenhar cinco mil vacas rapidamente.” Para Lino Rodrigues Filho, presidente da Asbia, apesar da boa performance, a IA no País ainda tem muito que evoluir. “O custo da IA é baixo em relação ao retorno”, diz Rodrigues Filho. “E pode crescer rapidamente daqui para a frente, numa pecuária que precisa se tecnificar cada vez mais.” A Asbia não calcula quantas fêmeas são inseminadas nos programas de IATF, mas, pesquisadores dão como certo entre dois milhões e quatro milhões de animais por ano. O rebanho de fêmeas que entram em reprodução no País é da ordem de 60 milhões de animais, anualmente.