Asafra brasileira de grãos 2014/2015, deve registrar uma colheita recorde,  com a produção de 208,8 milhões de toneladas, segundo o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em agosto. O resultado representa aumento de 7,9%, o equivalente a 15,2 milhões de toneladas, e supera a o ciclo 2013/2014, que foi 193,62 milhões de toneladas. O grande destaque desta temporada ficou a cargo do milho safrinha, que apesar de ter sua janela de plantio prejudicada devido ao atraso na colheita da soja, nas principais regiões produtoras, conseguiu se recuperar por conta das chuvas e teve a melhor produtividade dos últimos seis anos. “O ano agrícola começou com muito produtor receoso quanto à safrinha”, diz Rafael Ribeiro de Lima, consultor da Scott Consultoria, de Bebedouro, no interior paulista. “Contudo, terminou com grandes números.”

No total, o milho segunda safra registrou ganho de produtividade em quase todas as regiões produtoras, com a média de 7,1%. No entanto, em Mato Grosso, maior polo produtor do cereal, com 19,8 milhões de toneladas, os agricultores colheram a média de 105 sacas de 60 quilos por hectare, um crescimento de 15% em relação as 91 sacas por hectare no ano passado. A estimativa é de que a colheita termine com 53,9 milhões de toneladas, um aumento de 11,6% em relação ao período 2013/2014. Já a área plantada, para a qual havia a expectativa de redução, surpreendeu, com um  leve avanço de 4,2% passando de 9,2 milhões de hectares, registrados na safra passada,  para 9,5 milhões na atual. Segundo Lima, com o atraso no plantio da soja, havia o receio de uma diminuição nos investimentos nas lavouras. Além disso, as condições meteorológicas causaram incertezas. “O aumento de área plantada foi modesto, o que mostra que as chuvas foram determinantes nos ganhos de produtividade”, diz Lima.


Expansão: para Lima, da Scott Consultoria, a tendência  é que haja um aumento da área plantada da  safrinha no próximo ciclo

Para a temporada 2015/2016, expectativa é de que haja um aumento ainda maior na área plantada do milho segunda safra, principalmente influenciado pela demanda externa. Com o dólar valorizado e a expectativa da produção menor dos grãos nos Estados Unidos, as exportações aumentaram. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), de janeiro a julho deste ano os embarques totalizaram 6,6 milhões de toneladas, um crescimento de 11,6% acima das 5,9 milhões de toneladas embarcadas em igual período do ano passado. A receita cresceu 1,9% e atingiu US$ 1,2 bilhão e o preço médio ficou em US$ 190 a tonelada. “O dólar valorizado em relação ao real aumenta a competitividade do cereal brasileiro ante o produto americano”, afirma o consultor.

Entre os principais destinos das exportações de milho brasileiras, neste ano, destaque para o Vietnã, com 1,5 milhão de toneladas embarcadas, aumento de 47%, que resultou  na receita de US$ 281 milhões. Em seguida  aparece o Irã, que importou 1,3 milhão de toneladas, no valor de  US$ 252,3 milhões. Já  as exportações para Taiwan somaram 625 mil, gerando US$ 117,8 milhões. “Acredito que essa demanda do mercado internacional pelo milho brasileira seguirá firme”, diz Lima.