03/01/2013 - 17:59
Acadeia produtora de carnes brasileira é reconhecida pela sua capacidade de suprimento do consumo doméstico e também por sua contribuição potencial para atender ao aumento de 60% da demanda dos mais de nove bilhões de consumidores que constituirão a população mundial, ainda na metade deste século. Isso se deve, principalmente, à sinergia entre melhoramento genético e avanço do conceito de nutrição responsável, cujo modelo equilibra o cuidado com o meio ambiente, a saúde animal e a expressão máxima dos índices zootécnicos.
Os aditivos antimicrobianos usados na ração animal como agentes de melhoria de seu desempenho produtivo, por exemplo, poupam a cadeia de produção da perda estimada de quase 4% na conversão alimentar de frangos de corte, da diminuição de 17% no ganho de peso de leitões e 7% nos suínos em crescimento. A falta dos antimicrobianos resultaria em um aumento de mais de 3% no custo direto de produção de frangos e 9,2% em suínos. Além de outras consequências, como o aumento do custo de abate, diminuição da absorção de nutrientes, aumento da carga de dejetos e maior incidência de doenças intestinais, levando a uma maior utilização de antibióticos terapêuticos.
Mesmo diante da ausência de qualquer prova que condene os antimicrobianos, entidades como a Natural Resources Defense Council, dos Estados Unidos, têm defendido o discutível princípio da precaução, na tentativa de correlacionar esses aditivos alimentares e a geração de resistência em seres humanos. O objetivo é pressionar as autoridades sanitárias a proibir sua aplicação na alimentação animal.
A Comissão do Codex Alimentarius, que analisa a qualidade dos alimentos, estabelecida pela FAO e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), afirma que o suprimento alimentar e a segurança dos alimentos dependem do desenvolvimento sustentável, por meio do ganho de produtividade, uso de tecnologia e atendimento dos objetivos da humanidade. Em 2011, as autoridades da FAO, da OMS, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), e de mais 600 outros representantes dos 184 países signatários do Codex optaram por fazer a ciência prevalecer. Elas aprovaram a análise do risco quantitativo como medida para a avaliação da ocorrência de doenças em animais e em qual escala a ingestão da sua carne poderia afetar os humanos.
Essa conclusão oficial e ampla valorizou o princípio da certeza e não o da precaução, para os aditivos antimicrobianos. Ou seja, qualquer hipótese de desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos deve ser desmistificada cientificamente. Essa é uma defesa que precisa ser feita pela cadeia produtiva de proteína animal. É óbvio que qualquer perigo gera preocupação. Contudo, não pode ser confundido com risco. O risco, na verdade, é parte do perigo, que, por sua vez, depende de outra variável: a exposição ou dose. Por exemplo, a probabilidade de alguém morrer atingido por um relâmpago é de uma chance em 550 mil. No caso da virginiamicina, uma molécula que melhora o desempenho alimentar animal, o risco de induzir resistência bacteriana em seres humanos é de apenas 14 em 100 milhões.
Além dos estudos com essa molécula, inúmeras conclusões científicas sustentam que o risco dos antimicrobianos usados na alimentação animal induzirem resistência bacteriana é extremamente baixo porque depende do produto ingerido conter a bactéria em questão e da certeza de que a saúde do consumidor foi comprometida pela ingestão da carne contaminada. O fato é que as tais bactérias com possibilidades de gerar resistência em humanos estão na natureza. Elas já foram identificadas em fazendas orgânicas de produção de brotos de feijão, na água subterrânea, na água de rios e oceanos, em focas do Ártico, em porcos selvagens e babuínos que se alimentam exclusivamente da natureza e até em amostras do subsolo congelado há mais de 30 mil anos.