20/09/2012 - 13:14
Mato Grosso é reconhecido como o celeiro do País, por suas gigantescas produções de soja, milho, algodão e gado de corte. Mas existe um setor que está voando para alcançar o mesmo status dessas culturas e também se tornar uma atividade econômica relevante: trata-se da criação de frangos, um dos setores produtivos que mais crescem no Estado. Segundo diz Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Cuiabá, a previsão de crescimento é de 10% em 2012 sobre as 209 milhões de aves abatidas no ano passado. “Trata-se de uma estimativa modesta”, diz Celidonio, para quem não está descartado um aumento bem mais expressivo da produção.
A ideia é que se mantenha o ritmo de crescimento do setor, que cresceu 318% na última década. Em 2002 o Estado abateu apenas 55 milhões de aves. O setor está tão aquecido que no primeiro trimestre deste ano um período tradicionalmente de baixa atividade, os abates somaram 59,8 milhões de aves, 21% acima do apurado no mesmo período de 2011, e superior à média nacional e ao registrado nas demais regiões produtoras. No Brasil, o crescimento do abate no trimestre foi de 5%, alcançando 1,36 bilhão de aves. No Paraná, o maior produtor do País, o aumento foi de 8%, totalizando 371 milhões de frangos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Celidônio, a produção local de milho, utilizado na alimentação, impulsiona a avicultura em Mato Grosso.
Em receita, nos últimos dois anos, a produção de carne de frango foi o sexto principal agroproduto de Mato Grosso, atrás de soja, carne bovina, algodão, milho e da cana-de-açúcar. A previsão é de que em 2012 o Valor Bruto da Produção (VBP) da avicultura no Estado alcance R$ 900 milhões, alta de 11% ante os R$ 802 milhões no ano passado. “O setor tem potencial para subir de posição e se tornar o quinto maior VBP estadual”, diz Celidônio. “Caso mantenha a média dos últimos anos, isso pode acontecer já no ano que vem.”
Nas exportações, a posição da avicultura é ainda mais confortável, ocupando a quarta colocação em importância no Estado, atrás da soja, carne bovina e algodão. “O vigor do crescimento da avicultura deve se repetir também nesse segmento”, diz Celidônio. A expectativa para 2012 é embarcar para o Exterior um volume de carne 10% superior ao ano passado, que foi de 213 mil toneladas. Os principais clientes estão no Oriente Médio e na Ásia. Na última década, o comércio externo cresceu 960%. Em 2002, Mato Grosso exportou apenas 22,1 mil toneladas de carne de aves Atualmente, a fatia das exportações dos avicultores matogrossenses equivale a cerca de 5% das 3,7 milhões de toneladas embarcadas pelo Brasil, que renderam US$ 7,6 bilhões, em 2011.
De olho nesse desempenho, os frigoríficos de Mato Grosso, seguem ampliando suas instalações, atualmente com capacidade de abater até 250 milhões de aves por ano. Segundo João Zanata, presidente da Associação Mato-grossense de Avicultura (Amav), em Cuiabá, hoje não há ociosidade nos frigoríficos. Para atender a demanda interna e de exportação, o atual investimento da indústria deve elevar a capacidade de abate de aves até 2015. “O Mato Grosso será cada vez mais representativo na produção de aves”, diz Zanata. “Vamos ser o número 1 do País.”