Desafio: Graziano agora tem a missão de combater a fome no mundo

Domingo, 26 de junho, foi um dia histórico para o agrônomo paulista José Graziano e para o Brasil. Aos 61 anos, depois de figurar como um dos idealizadores do Programa Fome Zero, implantado durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele agora é o novo diretor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Em votação, em Roma, Graziano, que ocupou o extinto ministério de Segurança Alimentar e Combate à Fome, ficou apenas quatro votos à frente do adversário, Miguel Ángel Moratinos, ministro de Assuntos Exteriores da Espanha. É a primeira vez que um latino-americano é eleito para o posto máximo do órgão, que cuida das questões relativas à alimentação e agricultura no mundo.

Na ocasião da votação, três ministros brasileiros estavam presentes. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, e o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, que fizeram um corpo a corpo entre as delegações, com mais de 50 reuniões bilaterais no fim de semana.

“Foi um grande avanço, que decorreu do protagonismo agrícola brasileiro”, disse Rossi à DINHEIRO RURAL. “É o reconhecimento de que a economia agrícola brasileira está entre as maiores do mundo, com crescimento de produção e de produtividade”.

Em nota, a presidente Dilma Roussef expressou sua satisfação com a eleição de Graziano. Prometeu que ele terá “todo o apoio do governo”. Em sua primeira entrevista, Graziano afirmou que a FAO deve promover uma ampla reforma para enfrentar o desafio da insegurança alimentar mundial. “A demanda por suporte da FAO está crescendo mais rápido do que nossas reservas e nossa capacidade de lidar com elas, mas há demandas, especialmente em novas áreas que são cruciais”, disse. Segundo o último relatório da própria FAO, sobre a situação dos países e dos alimentos no mundo, há 36 países em crise alimentar. Além disso, há no mundo 925 milhões de pessoas desnutridas. Preocupante, esse cenário não atemoriza o novo diretor-geral. “Estou convencido, com base em minha experiência no Brasil e em outros países, que erradicar a fome é uma meta razoável e alcançável”, disse Graziano.

Diante desse cenário, o novo diretor afirmou que a FAO deve aumentar e melhorar o apoio a países dentro e fora da África e trabalhar para erradicar as barreiras comerciais que dificultam o livre comércio. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, a vitória de Graziano é o reconhecimento da importância do País como ator na produção de alimentos e combate à fome. “É o Brasil assumindo papel central na comunidade internacional naquilo que o fez destaque no último período: desenvolvimento rural, organização econômica da agricultura familiar, produção de alimentos e segurança alimentar”, afirmou.