Pedro Mizutani Empresa se prepara para entrar em outros países e para isso criou duas joint ventures

Durante 64 anos, a Costa Pinto era apenas mais uma usina fincada no interior paulista. Da junção com a Santa Bárbara, em 2000, saiu a Cosan – Co, de Costa Pinto, e San, de Santa Bárbara. E, então, todas as décadas de calmaria ficaram esquecidas no passado. Dez anos se passaram desde a formação do grupo, o que implicou mais 21 usinas, capital aberto na Bovespa e Bolsa de Nova York, Esso, Radar, Rumo e União e, para quem acha que a Cosan cresceu muito, prepare-se: o gigante está apenas despertando. No próximo mês, o presidente da Cosan Açúcar e Álcool, Pedro Mizutani, um dos mentores dessa expansão global, deverá assinar o acordo final com a Shell International Petroleum Company Limited para a criação de duas joint ventures (JV) que marcarão a história do etanol nos quesitos tecnologia e distribuição. Sem falar nos bilhões de dólares que o negócio envolve, significa mesmo “ganhar o mundo”. Mizutani, que há 30 anos trabalha na empresa e se tornou há décadas o braço direito de Rubens Ometto, tem pela frente uma nova missão: fazer com que a Cosan entre no mercado internacional de biocombustíveis. Para isso, ele terá de unir as operações com a Shell, que será a porta de entrada para os seus objetivos. Quando o Memorando de Entendimento (MoU) deste negócio foi anunciado, em fevereiro, falava-se apenas na liderança do mercado brasileiro, mas as intenções Cosan-Shell vão, comprovadamente, bem além disso. “Podemos dizer que estamos passando por um processo de internacionalização acelerado”, define o presidente da Cosan Açúcar e Álcool (CAA) e vice-presidente do Grupo Cosan S.A., Pedro Isamu Mizutani. As estratégias da Cosan para morder as fatias do mercado são bem claras: para o Brasil, comprou a Esso. Para o mundo, uniu-se à Shell. “Para ser bem direto, o que queremos é ser o segundo grande player mundial do setor de biocombustíveis.”

 

 

 

Produção: afora o etanol retirado da cana, a Cosan vai investir pesado no produto de segunda geração

Agora, junto com Marcos Lutz, bem mais novo na companhia, Mizutani irá orquestrar o carimbo internacional da marca, que começará pela América do Norte a partir do mês que vem. “As joint ventures poderão abrir as portas do mercado internacional com força para os biocombustíveis e a Cosan quer, sim, ser a líder nesse nicho de mercado. Quando juntarmos verdadeiramente os ativos da Cosan com a tecnologia da Shell, teremos uma empresa muito bem consolidada na América do Norte, sobretudo no Canadá”, diz ele. “Isso será fundamental para entrar nos Estados Unidos.” No mercado doméstico, a Cosan cresce aos poucos por meio da Esso, adquirida em 2008. A intenção é abocanhar até 10% do mercado nos próximos anos. Hoje, detém 5,6% do mercado de combustíveis no Brasil. “É um processo difícil e demorado, mas queremos crescer ainda mais”.

Até julho, as JVs Cosan-Shell serão assinadas. Uma é a JV Açúcar e Etanol e a outra, a JV Downstream. Juntas, as empresas totalizarão US$ 4,9 milhões em ativos das 23 usinas de açúcar, etanol e cogeração de energia, terminais de distribuição, participações no Uniduto e na integração vertical e mais US$ 2,5 bilhões de dívidas líquidas da Cosan, com US$ 3 bilhões com ativos de distribuição da Shell no Brasil, ativos de combustíveis de aviação e ativos de tecnologia de segunda geração e a contribuição total em caixa de US 1,925 milhões. A associação pode dar à Cosan um aumento de R$ 2,764 bilhões em seu valor de mercado, segundo os analistas do Morgan Stanley, Javier Martinez e Alessandro Baldoni, em relatório divulgado recentemente. “O valor de mercado da Cosan deve subir de R$ 9,025 bilhões para R$ 11,789 bilhões com esta associação.”

A estimativa é que as JVs elevem o valor da Cosan em R$ 769,5 milhões, metade da sinergia esperada de R$ 1,5 bilhão porque, no setor de combustíveis, os maiores ganhos vêm de escala e, associada à Shell, a Cosan ganhará boa parcela nas vendas de etanol, diesel e gasolina.

 

 

 

Por parte da brasileira, os investimentos não param de crescer. Para esta safra, são US$ 90 milhões na produção de açúcar, R$ 2,2 bilhões em cogeração de energia e R$ 50 milhões/ano para mecanização da lavoura. “Sabemos que somos um player importante, que está sempre na hora certa e no lugar certo. Por isso, estamos sempre prontos para nova empreitada”, finaliza Mizutani, com a naturalidade de quem já se acostumou a lidar apenas com gigantes mundiais.

 

 

A cara da “nova” Cosan

Os principais projetos da gigante, após negociações com a Shell

 

“Cosan” Açúcar e Etanol

Braço destinado à produção Cogeração de energia

Tecnologia de 2ª geração

Total de Equity: U$ 4,9 milhões

“Cosan” Downstream

Responsável por consolidar a distribuição

Ativos de distribuição Combustíveis para aviação

Total em caixa: US$ 925 milhões